Greve dos guardas-florestais com adesão de “95%” em dia de situação de alerta

Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, que convocou a paralisação, diz que os guardas-florestais estão “fartos de esperar” por uma reunião com o Ministério da Administração Interna para discutir as suas reivindicações.

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Este domingo haverá menos olhos atentos ao que se passa na floresta portuguesa Tiago Lopes

Os guardas-florestais estão, este domingo, em greve e, segundo a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), que a convocou, a adesão “cifra-se nos 95%”. A paralisação acontece no primeiro dos três dias de situação de alerta, decretados pelo Governo por causa do risco de incêndio.

Já em Julho, quando os guardas-florestais também estiveram em greve, a paralisação coincidiu com a situação de contingência, decretada por causa das condições meteorológicas e o elevado risco de incêndio. Nessa altura, a FNSTFPS também situava a adesão nos mesmos valores que agora foram apresentados à comunicação social.

Em comunicado, a Federação lembra que com a greve deste domingo os guardas-florestais “exigem a abertura de negociação das reivindicações apresentadas ao Ministério da Administração Interna”. E considera que a elevada adesão ao protesto é uma clara expressão da vontade daqueles profissionais de verem “concretizada a negociação da tabela remuneratória específica, a atribuição de suplementos remuneratórios e a constituição do corpo nacional da Guarda-Florestal, com autonomia operacional”.

Os guardas-florestais foram integrados no Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR em 2006. Actualmente, existem cerca de 500 destes profissionais no país, que têm como missão fiscalizar e investigar os ilícitos nos domínios florestal, caça e pesca. Estão ainda integrados no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais.

Em Julho, o Ministério da Administração Interna indicou que iria apresentar, em breve, um documento para negociar com os guardas-florestais, mas, segundo a FNSTFPS, mais de um mês depois, o documento ainda não chegou e os trabalhadores estão “fartos de esperar”. Com a greve deste domingo, esperam que seja dado um “sinal claro ao MAI de que deve marcar a data para a primeira reunião de negociação das reivindicações apresentadas”, refere a Federação em comunicado.

A greve acontece quando o país está em situação alerta (o nível mais baixo dos três de resposta a acidentes graves ou catástrofes previstas na Lei de Bases da Protecção Civil) por causa do risco de incêndio. Assim, até às 23h59 de terça-feira, é proibido, por exemplo, aceder, circular e permanecer no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem; fazer queimadas ou usar fogo-de-artifício.

Segundo o balanço da Protecção Civil, ao meio-dia deste domingo havia 34 incêndios florestais em curso, que mobilizavam mais de mil homens em todo o país. A maior parte encontrava-se, àquela hora, em fase de resolução. Os dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta, à mesma hora, davam conta de que este ano já arderam quase 94 mil hectares no país, tendo 52% das 8877 ocorrências registadas afectado áreas de povoamentos florestais.

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