Protecção Civil espera dominar fogo na serra da Estrela nos próximos dois dias

A partir da próxima madrugada haverá “uma janela de oportunidade” para dominar o fogo, graças às condições meteorológicas.

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A aldeia de Orjais esteve cercada pelas chamas ADRIANO MIRANDA

A Protecção Civil espera ter o incêndio na serra da Estrela dominado nos próximos dois dias, aproveitando a “janela de oportunidade” criada pelo desagravamento das condições meteorológicas, previsto a partir da próxima madrugada.

“Contamos conseguir dar o incêndio como dominado nos próximos dois dias”, disse em conferência de imprensa o comandante nacional de Emergência e Protecção Civil, André Fernandes, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras.

Segundo André Fernandes, “o incêndio continua bastante fragmentado” mas já a partir da próxima madrugada haverá “uma janela de oportunidade” para dominar o fogo que já esteve dominado mas reactivou-se com intensidade.

André Fernandes disse que é esperada uma melhoria nas condições meteorológicas, “sendo expectável” nomeadamente “que o vento perca a intensidade” e que “a humidade relativa do ar suba substancialmente”.

O comandante nacional da ANEPC disse ainda que este incêndio já motivou a assistência a 63 feridos, dos quais 21 foram considerados feridos ligeiros, e onde se incluem os dois bombeiros acidentados hoje, três feridos graves e outras 39 pessoas assistidas.

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Este incêndio deflagrou no dia 6 de Agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, e foi dado como dominado no sábado, dia 13, mas sofreu uma reactivação na segunda-feira. Às 18h15 desta terça-feira, o fogo mobilizava 1253 operacionais, apoiados por 394 viaturas e 12 aeronaves.

​Além de atingir o concelho da Covilhã, este fogo chegou a Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, no vizinho distrito da Guarda, queimando um total superior a 24 mil hectares, segundo dados provisórios.

Na serra da Estrela estão neste momento 18 grupos de reforço de bombeiros, estando também empenhada a força especial de Protecção Civil com 160 operacionais, não só operacionais bombeiros, mas também equipas de análise e de apoio à coordenação estratégica, e 14 máquinas de rasto foram mobilizadas para o terreno, adiantou o comandante nacional.

Questionado sobre se o forte aumento das temperaturas esperado para o final da semana pode manter no terreno o elevado número de operacionais que combatem o fogo da serra da Estrela, André Fernandes disse que “o dispositivo vai ficar no terreno até haver condições para poder sair, o que não significa que não haja flutuações no número de operacionais no dispositivo”, separando o que é o dispositivo de cerca de 13 mil operacionais em todo o país para o combate a incêndios rurais de eventuais reforços localizados consoante a análise de risco.

O número de pessoas retiradas pelas autoridades mantém-se em 45 e mantém-se também o registo de danos em habitações, com duas danificadas pelo fogo, sendo uma de primeira habitação e uma de segunda habitação.

André Fernandes referiu ainda que a estrada nacional 18, a 18-1 e as municipais 619 e 501 estão “com cortes de via à circulação civil” na zona da serra da Estrela.

As estimativas da ANEPC apontam também para uma área ardida no dia de hoje inferior à de segunda-feira.

“Significa que aquilo que foram os trabalhos que tiveram início do dia de ontem e a consolidação dos mesmos permitiu reduzir a intensidade ou a velocidade de propagação do incêndio, o que também dá uma janela de oportunidade e aponta para uma possível oportunidade durante a noite para estabilizar ainda mais o incêndio”, disse André Fernandes.

O comandante nacional referiu três prioridades definidas no combate a este incêndio: a primeira “na frente Sul, mais activa, voltada à localidade da Quinta da Atalaia”; a segunda “a consolidação da frente Este, da Guarda para o concelho da Covilhã, que está ancorada nos campos agrícolas existentes nesta zona” e onde importa durante a noite consolidar o incêndio; e a consolidação e extinção da frente Norte, voltada às localidades de Meios e de Trinta”, na Guarda.

Questionado sobre queixas de falta de meios de combate em algumas localidades, André Fernandes defendeu que os meios estão posicionados de acordo com as prioridades de acção e que são “os necessários” para a defesa das localidades e fazer face ao incêndio, com os ajustes decididos a cada momento pelo comandante de operações de socorro, de acordo com a evolução do incêndio.

“O sucesso dessa operação tem sido notório”, disse André Fernandes, sublinhando a ausência de vítimas mortais e o reduzido impacto em habitações e edificado.

Sobre as três ignições em simultâneo e em pontos distintos que levaram à reactivação com intensidade deste incêndio, André Fernandes insistiu que não é possível ainda explicar as causas e que isso será alvo de investigação.

O comandante nacional terminou a conferência de imprensa com palavras de solidariedade para operacionais e civis feridos no incêndio e de “reconhecimento e confiança no dispositivo que está no terreno”.

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