Medina pagou 30 mil euros a empresa de Sérgio Figueiredo por 13 dias de trabalho para a Câmara de Lisboa

Os contratos entre Fernando Medina e Sérgio Figueiredo remontam a 2015. Em 2020 foi a Câmara de Lisboa a contratar a empresa de Sérgio Figueiredo, recém-criada, para uma campanha de sensibilização para compras a pequenos comerciantes.

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Fernando Medina foi presidente da Câmara de Lisboa LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A contratação de Sérgio Figueiredo, o antigo director de informação da TVI e ex-administrador da Fundação EDP, como consultor do Ministério das Finanças continua a dar que falar, e não apenas devido a uma eventual sobreposição face às atribuições do PlanApp e dos gabinetes ministeriais ou ao salário que irá receber.

Em causa está o historial de contratações entre o ministro das Finanças, ex-autarca de Lisboa e ex-comentador da TVI, Fernando Medina, e Sérgio Figueiredo. A revista Sábado revela agora uma outra contratação, em que a Câmara de Lisboa (à data presidida por Fernando Medina) pagou 30 mil euros à empresa de Sérgio Figueiredo, em Dezembro de 2020.

A primeira contratação, recorda a revista Sábado, foi da responsabilidade de Sérgio Figueiredo, quando assumiu a direcção de informação da TVI, em 2015. A contratação prolongou-se até Medina se mudar para o Terreiro do Paço, em Março último. Pelo meio, Sérgio Figueiredo, que saiu da TVI em Julho de 2020, foi contratado pela Câmara de Lisboa, com Medina na presidência.

Oficialmente, conta a revista Sábado, a câmara abriu uma consulta prévia para “aquisição de serviços de desenvolvimento de produção de uma campanha de comunicação destinada aos estabelecimentos de comércio tradicional a retalho e de restauração e bebidas, no âmbito do Plano de Apoio Económico e Social”. Porém, no portal Base dos contratos públicos não consta quais foram as empresas (a lei exige pelo menos três nos procedimentos de consulta prévia) que a autarquia de Lisboa auscultou no mercado para fazer a adjudicação.

A empresa vencedora foi, justamente, a de Sérgio Figueiredo, a Plataforma Coerente. O valor? 30 mil euros por 20 dias (prazo máximo de execução). O contrato foi assinado a 10 de Dezembro de 2020 (não consta do Base) e no mesmo portal é dito que foi cumprido no dia 23, ou seja, apenas 13 dias depois.

À Sábado, o ex-jornalista e director de informação da TVI explica que o contrato foi assinado durante o “segundo confinamento [2020]” em que “todos os dias fechavam lojas de bairro”. “Chamei a atenção de Fernando Medina que não se salvava da falência aquela gente toda apenas com subsídios. Era preciso sensibilizar as pessoas para privilegiarem o comércio local nas suas compras de Natal”, disse.

Por isso, a CML pagou 30 mil euros por uma campanha de promoção das compras de Natal no comércio local, no contexto da segunda vaga de covid-19. A campanha chegou a ser transmitida nos três canais (RTP, SIC e TVI) e incluiu depoimentos de figuras públicas, entre os quais a própria namorada de Sérgio Figueiredo e também sócia da empresa que executou o projecto, a ex-jornalista Margarida Pinto Correia.

Os vídeos foram filmados “pelos telemóveis das próprias figuras públicas envolvidas”. A empresa em causa, a Plataforma Coerente, tinha acabado de ser criada, a 17 de Agosto de 2020. Com sede em Lisboa e capital social de 5 mil euros, é detida por Sérgio Figueiredo (70%) e por Margarida Pinto Correia (30%).

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