Autorização da Câmara de Lisboa para festa em estado de alerta contra incêndios motiva queixa no Ministério Público

Funcionário da autarquia lisboeta diz ter existido “abuso de poderes” por parte do vereador Ângelo Pereira

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Ângelo Pereira autorizou uma festa na Tapada da Ajuda que previa acolher entre 300 e 400 pessoas Matilde Fieschi/Arquivo

Um funcionário da Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou queixa ao Ministério Público (MP) contra o vereador Ângelo Pereira por alegado “abuso de poderes” no âmbito de “Crimes da Responsabilidade de Titulares de Cargos Políticos”, noticiou o Expresso. Em causa está uma notícia deste jornal que dava conta que o vereador concedeu uma autorização para a realização de uma festa privada na Tapada da Ajuda em pleno estado de alerta devido ao risco de incêndio.

O funcionário da autarquia lisboeta, na queixa enviada ao MP, defende que a autorização tratou-se de “uma clara situação de obtenção de benefício ilegítimo para terceiro”. Ao abrigo do anonimato, por temer represálias da direcção camarária, o trabalhador diz não restarem dúvidas da existência de “mau uso ou uso desviante de poderes funcionais por excesso de poderes e por desrespeito das formalidades essenciais” e da “prática do crime de abuso de poderes”.

Ainda segundo o denunciante, está em causa a “prática de acto ilegal em situação de alerta”. Segundo noticiou o Expresso, o vereador Ângelo Pereira autorizou uma festa na Tapada da Ajuda que previa acolher entre 300 e 400 pessoas no dia 20 Julho, quando estava em vigor um estado de alerta para o perigo de incêndios que proibia a realização deste e de outro tipo de eventos em área florestal.

Para a realização da festa, o organizador enviou um e-mail a Ângelo Pereira, vereador com os pelouros da Estrutura Verde e da Protecção Civil, a pedir “uma excepção à regra”. O pedido foi feito poucos minutos depois da meia-noite e, apesar da hora tardia, a resposta afirmativa chegaria 20 minutos depois.

Ainda segundo o funcionário camarário, a isto acresce o facto de a CML ter decretado, logo depois da declaração do estado de contingência, o cancelamento de todos os eventos públicos ou privados na totalidade dos espaços florestais da autarquia.

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