Ashton Kutcher teve doença auto-imune que o impossibilitou de ver, ouvir e andar

O actor sente-se “sortudo por estar vivo” depois de ter sofrido um tipo raro de vasculite, que causa a inflamação dos vasos sanguíneos.

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O actor sente-se “sortudo por estar vivo”, reforçando a ideia de que “não se aprecia [algo] até que tenha desaparecido” Reuters/ALEX GALLARDO (Arquivo)

Ashton Kutcher foi diagnosticado há cerca de dois anos com vasculite, uma doença auto-imune que pôs o actor sem ver, ouvir e andar de forma temporária. “Tive esta forma estranha e super rara de vasculite que me tirou a visão, a minha audição e todo o meu equilíbrio”, conta Ashton Kutcher no próximo episódio do programa Running Wild with Bear Grylls: The Challenge, da National Geographic, segundo um excerto a que o Access Hollywood teve acesso.

Agora, recuperado, o actor sente-se “sortudo por estar vivo”, reforçando a ideia de que “não se aprecia [algo] até que tenha desaparecido”. Reflectindo sobre o período em que teve a doença, Ashton Kutcher viu-se a colocar várias questões que lhe fizeram entender a importância de tudo aquilo que perdeu: “Não sei se alguma vez poderei voltar a ver. Não sei se vou ser capaz de ouvir outra vez. Não sei se vou ser capaz de andar outra vez.” Para o apresentador Bear Grylls, a experiência do também empresário foi “aterradora”, mas tal como as “tempestades o tornam mais forte”, o mesmo aconteceu com o actor.

Foi assim também uma oportunidade para Ashton Kutcher mudar a forma como percepciona as adversidades da vida. “Assim que começa a ver os seus obstáculos como coisas que são feitas para si, para lhe dar o que precisa, então a vida começa a ser divertida”, reflecte, explicando que, com essa perspectiva, “começa a surfar por cima dos seus problemas em vez de viver debaixo deles”.

Doença auto-imune rara

A vasculite é uma doença auto-imune que causa a inflamação dos vasos sanguíneos e afecta, dessa forma, a circulação do sangue, podendo causar danos no órgão afectado. Não se sabe qual é o tipo que Ashton Kutcher teve, mas a maioria das formas são consideradas raras. A gravidade e a duração são variáveis conforme o tipo de vasculite. Geralmente, a doença causa dores, mal-estar, cansaço e febre. Em alguns casos, pode provocar zumbido nos ouvidos, dormência e hemorragia nos pulmões. Nas situações mais graves, como a de Ashton Kutcher, a pessoa diagnosticada pode ficar cega ou ter aneurismas.

As causas não são totalmente conhecidas, mas, às vezes, alguma medicação e infecções podem ajudar ao desenvolvimento da doença. Como tratamento, normalmente receita-se corticóides para a inflamação, mas estes podem ter efeitos secundários. De acordo com um artigo publicado na revista Nature Reviews, a doença tende a afectar em maior número pessoas tanto nas faixas etárias mais jovens como nas mais velhas, dependendo do tipo diagnosticado.

Ao passo que a doença de Kawasaki incide, sobretudo, sobre crianças pequenas, principalmente de origem austro-asiática e do Japão, a arterite de células gigantes é a mais comum em indivíduos mais velhos, em especial com ascendência do norte da Europa. Destacam-se ainda três tipos de anticorpos anticitoplasmáticos de neutrófilos associados à vasculite, que são considerados formas raras da doença, e a síndrome de Behçet, com maior incidência na zona da antiga Rota da Seda, entre o Mediterrâneo e a Ásia Oriental.

Em 2021, as autoridades de saúde britânicas e de Nova Iorque, nos EUA, alertaram para uma possível ligação entre a covid-19 e a doença de Kawasaki, diz o Washington Post. Durante a primeira vaga da pandemia, 15 crianças internadas em hospitais de Nova Iorque desenvolveram sintomas semelhantes aos daquele tipo de vasculite, levantando dúvidas sobre a ligação entre as duas doenças.

O director de cinema e actor Harold Ramis, conhecido por comédias como Os Caça-Fantasmas e O Feitiço do Tempo, morreu desta doença em 2014. Harold Ramis teve de voltar a aprender a andar, antes de morrer após uma recaída, avançou o jornal Chicago Tribune na altura.


Texto editado por Bárbara Wong

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