Republicanos acusam FBI de motivações políticas após busca a Trump

Filhos do ex-Presidente dizem que país é “república das bananas”. Antiga procuradora diz que busca foi legal e rejeita comparar cumprimento de mandado a “incursão”.

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Donald Trump foi alvo de buscas esta segunda-feira CARLOS BARRIA/reuters

Depois de, na noite de segunda-feira, o FBI ter efectuado buscas na casa de Donald Trump em Mar-a-Lago, Palm Beach, no estado da Florida, vários republicanos saíram em defesa do ex-Presidente dos Estados Unidos nas redes sociais.

As acusações destas figuras contra o FBI são comuns e prendem-se especialmente com a ideia de que esta agência que integra o Departamento de Justiça agiu com motivações políticas: para os responsáveis, esta é uma tentativa clara de prejudicar Trump e tentar impedir que o magnata consiga selar o regresso à Casa Branca com uma vitória nas eleições presidenciais de 2024.

Depois de Trump ter dito ser vítima de perseguição no comunicado em que deu conta das buscas, Eric Trump, filho do antigo Presidente, diz que esta acção contra o pai mostra que está “a viver num país de terceiro mundo”. O irmão, Donald Trump Jr, acusa Biden de estar a prejudicar directamente os inimigos políticos, dizendo que os Estados Unidos são uma “república das bananas”.

Já Mike Pompeo, antigo secretário de Estado durante a presidência de Trump, alertou para o perigo de “executar um mandado contra o ex-Presidente dos Estados Unidos”. “A aparente politização do Departamento de Justiça/FBI é vergonhosa. O procurador-geral tem de explicar por que motivo 250 anos de Justiça foram suspensos com estas buscas”, atirou o republicano.

“Um estado intolerável de politização armada”: foi desta forma que Kevin McCarthy, o líder da minoria republicana na Casa dos Representantes, classificou o estado do Departamento da Justiça, dizendo que assim que os republicanos voltarem a assumir uma posição maioritária

“O tempo vai falar sobre a mais recente investigação. Contudo, lançar uma investigação a um antigo Presidente a esta distância [curta] de uma eleição é mais do que problemático”, alega Lindsey Graham, senador dos Estados Unidos pela Carolina do Sul e um dos aliados de Trump. O congressista Ronny Jakcson vai mais longe e diz que o FBI “se tornou oficialmente no inimigo do povo”.

O FBI é dirigido por Christopher Wray, nomeado por Donald Trump para o cargo em 2017.

O que se passou?

Donald Trump revelou esta segunda-feira que a sua casa em Mar-a-Lago, Palm Beach, no estado da Florida, foi alvo de uma “rusga” de agentes do FBI.

“Depois de trabalhar e cooperar com as agências governamentais relevantes, esta rusga sem aviso prévio à minha casa não era necessária nem apropriada”, disse em comunicado o antigo Presidente dos Estados Unidos.

Num extenso texto em que reclama estar a ser vítima de perseguição, Donald Trump sublinhou que a busca foi não foi anunciada e diz que esta é uma acção como “nunca aconteceu” a um Presidente norte-americano.

“Até arrombaram o meu cofre”, contou o republicano no comunicado em que, sem fornecer quaisquer provas, acusa os democratas de utilizar o Departamento de Justiça como arma para o afastar da corrida às Presidenciais de 2024. “Um tal assalto só poderia ter lugar em estados falhados do terceiro mundo”.

De acordo com fontes ouvidas pelo The New York Times, as buscas tiveram como alvo documentos confidenciais que Trump terá levado com ele para as suas propriedades depois de abandonar a Casa Branca. Em Fevereiro passado, os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos recuperaram 15 caixas de documentos e outros itens da casa do ex-Presidente que deviam ter sido deixados na Casa Branca após a tomada de posse de Biden.

"Cumprir mandado não é uma incursão"

Do lado do Partido Democrata, as buscas a Trump foram uma forma de mostrar que ninguém está acima da lei, apontando as consequências duras dos crimes relativos a material confidencial.

Marc Elias, advogado no partido e antigo conselheiro eleitoral de Hillary Clinton e John Kerry, chamou a atenção no Twitter para o código penal norte-americano, que impede alguém condenado por estes crimes de candidatar-se a Presidente. Destruir, manter ilegalmente ou manipular documentos confidenciais pode acarretar uma pena de prisão até três anos.

Citada pelo US News, Jouce Alene, procuradora-geral durante 25 anos, garante que a busca foi legal e sugere que não sejam retiradas conclusões sobre eventuais significados políticos da diligência.

“Não sabemos ainda quais são os crimes para os quais o FBI recolheu provas suficientes para convencer um juiz federal de que há causa provável para revistar a residência de Trump, mas o cumprimento de um mandado de busca não é uma incursão”, considera a antiga magistrada.

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