Incêndios: mais de 58 mil hectares ardidos este ano

ICNF dá conta de mais de 7500 incêndios rurais em Portugal continental nos primeiros meses deste ano. Há menos 6% de incêndios que nos últimos 10 anos, mas mais 59% de área ardida.

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Mês de Julho registou 40% dos incêndios rurais e 81% da área ardida PAULO NOVAIS/LUSA

Foram registados 7517 incêndios rurais nos primeiros seis meses deste ano em Portugal continental, tendo provocado 58.354 hectares de área ardida, segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

No terceiro relatório provisório sobre incêndios rurais de 2022, divulgado esta segunda-feira, o ICNF especifica que, do total de área ardida, 28.897 hectares foram de povoamentos, 23.338 de matos e 6119 de agricultura.

Num anterior documento com dados de 1 de Janeiro a 15 de Julho indicava-se que tinham deflagrado nesse período 6164 incêndios, de que resultaram 40.102 hectares de área ardida.

Comparando os valores de 2022 com o histórico dos dez anos anteriores, o ICNF assinala que se registaram menos 6% de incêndios rurais, mas mais 59% de área ardida, relativamente à média anual.

O ano de 2022, com dados até 31 de Julho, apresenta o quinto valor mais elevado em número de incêndios e o terceiro valor mais elevado de área ardida, desde 2012.

O mês de Julho é este ano o que apresenta maior número de incêndios rurais, 40% do total, sendo também o mês de mais área ardida, 46.996 hectares, o que representa 81% de toda a área ardida registada este ano.

Os números indicam também que este ano os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes (82% do total). Quanto a grandes incêndios, o ICNF dá conta de, até final de Julho, 12 incêndios com uma área ardida superior ou igual a mil hectares.

Com uma área ardida igual a superior a 100 hectares, já considerado um grande incêndio, registaram-se 57 casos, que foram responsáveis por 81% do total de área ardida.

Os cinco maiores incêndios deste ano ocorreram todos no mês de Julho, sendo o que consumiu mais área foi o que deflagrou no concelho de Murça, Vila Real, a 17 de Julho (7058 hectares). Segue-se o incêndio de Pombal, Leiria, com 5126 hectares de área ardida (a 8 de Julho).

Em terceiro lugar o incêndio de Chaves, Vila Real, de 15 de Julho, com 3368 hectares ardidos, depois Carrazeda de Ansiães, Bragança, a 7 de Julho, com 3330 hectares ardidos, e Ourém, Santarém, também a 7 de Julho, que consumiu 2936 hectares.

Outros dados não diferem grandemente do anterior relatório. No documento divulgado esta segunda-feira, as queimas e queimadas continuam a representar a principal origem dos incêndios rurais investigados, 54% do total. Os reacendimentos representam 5% do total de causas apuradas, um valor, diz o ICNF, inferior face à média dos dez anos anteriores (12%).

O incendiarismo, atribuído a imputáveis, representa 18% das causas apuradas.

Numa análise por distritos, o Porto, seguido de Braga e Vila Real, são os que têm maior número de incêndios. Mas o ICNF salienta que nos três os incêndios foram de reduzida dimensão (menos de um hectare). Quanto a área ardida os mais afectados foram Vila Real, com 16.085 hectares, o que corresponde a 28% do total de área ardida, Leiria (15% do total) e Bragança (10%).

E por concelhos os que tiveram mais incêndios rurais até ao final de Julho foram os de Penafiel (294), Montalegre (164) e Arcos de Valdevez (136). Em termos de área ardida está Murça em primeiro lugar (4.080 hectares), depois Vila Pouca de Aguiar (3.719) e Chaves (3.654 hectares).

A área ardida dos 20 concelhos mais afectados representa 72% da área total que ardeu, nota o ICNF.

O relatório concluiu ainda que a área ardida deste ano “é consideravelmente inferior à área ardida expectável, tendo em conta a severidade meteorológica verificada”.

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