Maria do Rosário Pedreira: um evangelho laico de louvor ao humano

É como se Maria do Rosário Pedreira desenhasse um evangelho laico de louvor ao ser humano – homem, mulher, corpo, alma, intimidade – numa gloriosa epifania.

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Maria do Rosário Pedreira eleva a voz poética através da anatomia Nuno Ferreira Santos

O primeiro poema de O meu corpo humano de Maria do Rosário Pedreira contém uma confissão importante que remete para a necessidade de amor. É como que a epígrafe que sustenta o que se segue, uma vez que o título deste volume provoca imediatamente curiosidade e uma certa inquietação, uma vez que a ênfase no “corpo” e no “humano” – remetendo para a carne, para toda uma cartografia sensual, física – causa estranheza e perturbação. Os títulos levam-nos a percorrer a nossa anatomia – ‘olhos’,” peito”, “estômago”, “unhas”, “lábios” ‘cintura’, ‘tornozelos’, ‘pulso’, ‘coxa’, ‘útero’, ‘língua’, ‘rins’, etc. – numa proximidade avassaladora, o que nos poderá encaminhar para uma leitura que contradiz subtilmente a tradição romântica que teimou em cantar a alma e tudo o que é etéreo, inatingível, fugidio, impalpável.

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