Bolsonaro já não é o herói dos camionistas do Brasil

Os sucessivos aumentos dos combustíveis deterioraram a relação do Presidente com uma das classes que mais o apoiava. E nem o Auxílio Caminhoneiro parece capaz de mudar isso.

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Manifestação de apoio de camionistas a Bolsonaro o ano passado Rodolfo Buhrer/REUTERS

Em 2018 estiveram ao lado de Jair Bolsonaro na sua candidatura à presidência, desta vez, a maioria parece estar a pensar numa estrada além de Outubro sem o actual Presidente do Brasil. Os mesmos líderes que conseguiram fazer parar o país por causa da subida dos combustíveis há quatro anos, conversam agora com a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, com Ciro Gomes e com André Janones, um dos rostos do movimento grevista de há quatro anos e que é agora pré-candidato ao cargo mais alto do Estado.

A relação entre Bolsonaro e os camionistas foi-se deteriorando com os sucessivos aumentos do preço do gasóleo e alguns dos líderes chegaram mesmo a acusar o Presidente de traição. Nem mesmo o programa de subsídios para camionistas e taxistas que o Governo decidiu atribuir parece capaz de restaurar a confiança perdida.

O Governo vai pagar até ao fim do ano 1000 reais por mês a cada camionista (180 euros), a partir de 9 de Agosto, começando com 2 mil reais (360 euros) porque paga retroactivo a Julho.

Para Wallace Landim, conhecido como ‘Chorão’, o Auxílio Caminhoneiro não fará muita diferença nem conseguirá aumentar o apoio de Bolsonaro dentro da classe. “Existe uma ala de 30% que ainda anda nessa questão de defender o Governo. Acho que isso prejudica muito a nossa categoria”, disse, citado pela Folha de S. Paulo, Chorão, um dos principais líderes da grande paralisação de 2018.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística reuniu-se na semana passada com Ciro Gomes e ficou satisfeita com o que lhe foi transmitido. O candidato do PDT à presidência apelidou a actual situação, segundo Carlos Alberto Litti Dahmer, citado pela Exame brasileira, como de um “encarecimento criminoso do combustível” e garantiu ter um plano para mudar a política de preços da Petrobras.

“Bolsonaro apareceu com a categoria em 2018, foi eleito com a promessa de fazer o que precisava e agora está acabando com empresas e tudo”, disse à Exame o presidente do Sindicato dos Transportadores Autónomos de Cargas de Goiás, Vantuir Rodrigues.

“Camionista não é burro, nós sabemos fazer contas”, afirmou Chorão, salientando que os 1000 reais não dão para encher o tanque e só permitem percorrer 266 quilómetros.

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