Ondas de calor serão mais frequentes e intensas pelo menos até 2060

O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, deixa um alerta: este tipo de ondas de calor “serão normais e, inclusive, mais fortes”.

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Para combater os efeitos da onda de calor na Bélgica, em Julho de 2022 YVES HERMAN/Reuters

Ondas de calor como a que afecta a Europa ocidental, e que atingiu Portugal na semana passada, serão cada vez mais frequentes e intensas pelo menos até 2060, advertiu esta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Em conferência de imprensa, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que este tipo de ondas de calor “serão normais e, inclusive, mais fortes”. “A maior frequência destas tendências negativas continuará pelo menos até 2060, independentemente do sucesso ou não na mitigação das alterações climáticas”, acrescentou Taalas.

A actual onda de calor na Europa ocidental reflectiu-se em vários países, nomeadamente no Reino Unido, onde a temperatura máxima superou esta terça-feira os 40 graus Celsius, um valor nunca antes alcançado desde que há registos sistematizados, e em França, que bateu vários recordes de temperatura. Em Espanha e em Itália, o calor extremo levou à propagação de incêndios florestais.

Em Portugal, que viveu na semana passada a segunda onda de calor do ano, depois da de Maio, os termómetros registaram na quarta-feira 46,3 graus na Lousã, o sítio mais quente do país nesse dia. Nessa quarta-feira, que foi o dia mais quente de 2022 pelo país, em que deflagraram vários incêndios florestais, mais de 50 estações meteorológicas assinalaram temperaturas máximas entre os 40 e os 45 graus Celsius.

Em declarações à agência Lusa, o investigador Pedro Matos Soares, especialista em física da atmosfera, disse, com base em modelizações, que Portugal poderá vir a ter, no cenário mais grave, oito a dez ondas de calor anuais nos últimos 30 anos do século XXI.

Esta terça-feira, a Direcção-Geral da Saúde atribuiu às temperaturas extremas verificadas no Continente o excesso de mortalidade entre 7 e 18 de Julho, o correspondente a 1063 óbitos.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, os primeiros 17 dias de Julho foram os mais quentes deste século, com uma temperatura média do ar de 25,7 graus Celsius, sendo que, neste período, o valor mais elevado da temperatura máxima do ar, 47 graus Celsius, ocorreu na estação meteorológica do Pinhão e é um novo extremo em Portugal continental para o mês de Julho.

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