Histórias do Tour: A dedicatória suprema

Durante toda a Volta a França, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre equipas e ciclistas em prova.

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A celebração de Houle nesta terça-feira Reuters/CHRISTIAN HARTMANN

Hugo Houle venceu nesta terça-feira a etapa 16 da Volta a França. Aos 31 anos, o ciclista nunca tinha vencido uma única vez em qualquer prova (exceptuando os nacionais do Canadá) e a estreia a erguer os braços não era apenas um sonho adiado, mas um momento profundamente ansiado.

Há corredores que passam uma carreira inteira sem vencerem – e fazem-no sem particular mágoa –, mas Houle tinha algo mais por que lutar. E foi por isso que chorou e apontou para o céu quando cruzou a meta.

Em 2012, Pierrick Houle, irmão do ciclista, foi atropelado no Quebeque quando corria na rua. Hugo foi à procura do irmão, que demorava a chegar a casa, e encontrou-o deitado no chão, depois de o condutor ter fugido. O criminoso, que estava alcoolizado, acabou por ser identificado e por cumprir pena de prisão.

Antes da Volta a França 2021, Houle explicou o que o movia para a prova gaulesa. “Quero ganhar por ele. É o meu sonho e o meu objectivo, porque nós passávamos o Verão a ver a Volta a França. Na nossa aldeia não havia muito para fazer, portanto ficávamos contentes quando começava o Tour. Ele nunca pôde vir à Europa e ver tudo isto. É por isso que quero conseguir [a vitória] antes de me reformar”, contou Houle ao site Velonews. O desejado triunfo não apareceu em 2021, mas Houle voltou em 2022 com a mesma meta.

O ciclista, que estava a estudar para polícia antes de se tornar profissional, tem tido uma carreira curiosa. Não tem sido dos que ganham – este foi mesmo o primeiro triunfo de Houle –, mas também não tem sido dos que correm na penumbra sem qualquer relevância – já somou vários top 15 em corridas por etapas como o Paris-Nice, o Tirreno-Adriático ou a Volta à Suíça.

No Tour, cumpriu-se nesta terça-feira um objectivo de carreira.

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