Pogacar tinha três “tiros” e o primeiro saiu ao lado

Na etapa 16, o esloveno tentou mais do que uma vez – fê-lo em subida explosiva, em subida a ritmo e até em descida. Nada resultou e os ataques do campeão do Tour vão ficar para quarta-feira.

Foto
Pogacar e Vingegaard sempre juntos na Volta a França EPA/YOAN VALAT

Média-montanha nesta terça-feira, chegadas em alto na quarta e na quinta. Estas eram as oportunidades que Tadej Pogacar tinha para atacar Jonas Vingegaard na Volta a França, mas a primeira foi um tiro ao lado.

“Tenho de tentar em todas as subidas. Vou dar tudo, até porque não quero ter arrependimentos depois. Espero ter pernas para atacar, seja de longe ou não”. As palavras foram de Tadej Pogacar antes da etapa e o esloveno cumpriu em boa parte o que prometeu.

Na etapa 16, o esloveno tentou mais do que uma vez – fê-lo em subida explosiva, em subida a ritmo e até em descida. Nada resultou e ficou até a sensação de que na última escalada do dia, quando o colega Rafal Majka endureceu a corrida, algo incomum se passou com Pogacar: ou não teve capacidade física para atacar ou simplesmente desistiu e preferiu reservar energias para as próximas etapas – qualquer dos cenários é, ainda assim, pouco habitual no esloveno.

Contas feitas, tudo segue na mesma entre os homens do pódio, mas há algo a menos e algo a mais: Bardet perdeu bastante tempo e dificilmente conta para essa luta e Quintana, com mais uma boa etapa, parece estar em condições de reentrar na discussão, sobretudo por estar claramente mais forte do que Geraint Thomas na montanha.

No que diz respeito à etapa, o vencedor do dia foi o canadiano Hugo Houle, que foi o resistente entre a fuga do dia. Foi o primeiro triunfo do ciclista de 31 anos numa “grande volta”.

Jumbo arriscou

A etapa começou com movimentações esperadas da Jumbo e da Emirates, que tentaram colocar em fuga “ciclistas satélite” que pudessem ajudar mais à frente nas subidas do dia. Mas houve três detalhes relevantes neste momento. 1) A Jumbo arriscou colocar não um, mas sim dois ciclistas em fuga, entre eles o “anjo da guarda” Wout van Aert, que não se esperava que estivesse longe de Vingegaard; 2) A Ineos não enviou Pidcock para pressionar outras equipas, mas apenas Martínez (que já não assusta na geral); 3) Alexander Vlasov entrou na fuga.

E este terceiro prisma criou um problema para muita gente. Para os fugitivos, que certamente odiaram tê-lo por ali a limitar-lhes o sonho, mas também para a Jumbo, já que Vlasov, em 11.º lugar, a cerca de dez minutos do camisola amarela, foi suficiente para impedir a equipa neerlandesa de “dar corda” à fuga.

Por outras palavras, a Jumbo já estava limitada (sem Roglic e Kruisjwijk), mais limitada ficou ao enviar dois ciclistas para a fuga e, de repente, deu por si a querer controlar a fuga e Vlasov a partir do pelotão – porventura desnecessariamente. Não só porque Vlasov está em má forma e não parece ser capaz de assustar, mas também porque uma vantagem grande do russo obrigaria outras equipas a ajudarem na perseguição, para manterem o seu top 10 – e isso acabou por acontecer mais à frente com a Movistar.

No caso de Van Aert, faria sentido tê-lo na fuga para ajudar mais à frente, mas apenas caso Pogacar não “inventasse” algo louco no pelotão – e a Jumbo confiou que o esloveno não o faria. Arriscado, mas acabou por correr bem.

O primeiro ataque de Pogacar surgiu a 50 quilómetros da meta, na primeira subida do dia, mas Vingegaard respondeu. O segundo veio logo a seguir, já na descida após o cume, e Vingegaard voltou a manter-se como uma sombra do esloveno – que se “acalmou” até ao Mur de Péguère.

Na segunda subida, Pogacar já não quis fazer tudo sozinho e foi Majka quem preparou terreno para o ataque. Ritmo mais duro e grupo dos candidatos reduzido a quatro: Pogacar e o seu escudeiro Majka, Vingegaard e o seu escudeiro Kuss e ainda Quintana. Até que de repente houve corrente partida na bicicleta de Majka e o polaco ficou para trás. Era momento para ataque de Pogacar? Em teoria, sim. Mas fosse por incapacidade ou por resignação (rara no esloveno), o ataque não surgiu e todos foram juntos até à meta.

Na frente, Hugo Houle era perseguido por Matteo Jorgenson e o colega de equipa Michael Woods, mas o ciclista da Movistar caiu e a vitória ficou garantida para Houle, já que Woods não iria, naturalmente, perseguir o próprio colega – embora não fosse o primeiro a fazê-lo neste Tour.

Para esta quarta-feira está agendada mais uma etapa montanhosa, com três contagens de montanha de primeira categoria.

Sugerir correcção
Comentar