Nuno Cardoso reconduzido como director artístico do TNSJ para triénio 2022-2024

Ministério da Cultura e secretaria do Estado do Tesouro destacam “a qualidade e a consistência do trabalho desenvolvido” pelo encenador, à frente da instituição desde 2019.

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Nuno Cardoso Nelson Garrido

O director artístico do Teatro Nacional de São João (TNSJ), Nuno Cardoso, foi reconduzido no cargo para o triénio de 2022-2024, de acordo com um despacho publicado hoje em Diário da República, assinado pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e pelo secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz.

Neste diploma, os gabinetes do Ministério da Cultura e da secretaria de Estado do Tesouro salientam que, “considerando a qualidade e a consistência do trabalho desenvolvido” pelo encenador à frente do TNSJ, no Porto, desde Janeiro de 2019, justifica-se “manter uma linha de continuidade na programação”. O mandato de Nuno Cardoso é assim renovado, em regime de exclusividade, para o triénio de 2022-2024.

Com uma carreira de mais de três décadas enquanto encenador e actor, Nuno Cardoso nasceu em 1970, em Canas de Senhorim, no concelho de Nelas, em Viseu, e frequentou o curso de Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O seu percurso teatral teve início na década de 1990, com a entrada no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC). Como actor, trabalhou com os encenadores Paulo Lisboa, Paulo Castro, João Paulo Seara Cardoso, Nuno M. Cardoso, Francisco Alves, José Neves, João Garcia Miguel, Victor Hugo Pontes e José Eduardo Silva, entre outros, interpretando textos de autores como Eurípides, William Shakespeare, J.W. Goethe, Anton Tchékhov, Frank Wedekind, Fiodor Dostoievski, Gregory Motton, Bernard Marie Koltès ou Peter Handke.

Em 1994, Nuno Cardoso foi um dos fundadores do colectivo Visões Úteis, tendo sido autor de vários espectáculos, como Porto Monocromático. Entre 1998 e 2003, assegurou a direcção artística do Auditório Nacional Carlos Alberto, assumindo, posteriormente, a coordenação de programação do Teatro Carlos Alberto, equipamento entretanto integrado na estrutura do TNSJ.

Entre 2007 e 2018, foi director artístico da companhia Ao Cabo Teatro, onde desenvolveu, de forma mais sólida, a sua carreira como encenador. Trabalhou autores de várias tradições e períodos, como Shakespeare e Tchékhov, Ésquilo, Sófocles, Molière, Racine, Ibsen, Friedrich Dürrenmatt, García Lorca, Eugene O"Neill, Tennessee Williams, Lars Norén, Sarah Kane, entre outros/as. Em 2016, o recebeu o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), na categoria de melhor espectáculo, pela encenação de Demónios, de Lars Norén. De resto, tem também desenvolvido projectos teatrais de cariz comunitário, ou envolvendo não profissionais, como PRJ. X. Oresteia, no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, R2, a partir de Ricardo II, com jovens do Bairro da Cova da Moura, e Porto S. Bento, com moradores do Centro Histórico do Porto.

No TNSJ, Nuno Cardoso dirigiu peças como A Morte de Danton, de Georg Büchner, Bella Figura, de Yasmina Reza, Castro, de António Ferreira, O Balcão, de Jean Genet, Espectros, de Henrik Ibsen, Lear, de Shakespeare, e Ensaio Sobre a Cegueira, a partir de José Saramago, além produções próprias como Achadiço. Antes de ser director artístico do TNSJ, Nuno Cardoso passou pela instituição com encenações de O Despertar da Primavera, de Wedekind, Woyzeck, de Büchner, e Platónov, de Tchékhov.

Durante a sua direcção artística, o teatro acolheu encenadores e companhias nacionais e internacionais, como os antigos directores Ricardo Pais e Nuno Carinhas, e produções como Kastrokriola, do dramaturgo cabo-verdiano Caplan Neves. Em Março, na sequência da invasão militar da Ucrânia e da crise humanitária daí decorrente, o TNSJ lançou o projecto “Ucrânia - Palco Livre”, que em Maio concedeu bolsas a sete artistas ucranianos refugiados em Portugal.

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