Em Londres, activistas colaram-se a obra com 200 anos: “Se não há água, de que serve a arte?”

Membros do grupo Just Stop Oil cobriram a pintura A Carroça de Feno com uma versão modificada e colaram-se à moldura. O objectivo era alertar para “a natureza destrutiva do nosso vício do petróleo”. A obra de 200 anos sofreu pequenos danos.

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Os activistas colaram-se à moldura da obra com 200 anos Kristian Buus/Getty Images

Activistas climáticos do grupo ambientalista Just Stop Oil colaram-se a uma obra de arte de 200 anos na National Gallery de Londres, esta segunda-feira.

Como forma de protesto não violento, a dupla cobriu a pintura A Carroça de Feno com uma versão modificada da obra que, segundo os activistas, “demonstra o nosso caminho para o desastre” e “a natureza destrutiva do nosso vício do petróleo”. De seguida, Hannah Hunt, de 23 anos, e Eben Lazarus, de 22, colaram as mãos à moldura.

“Eu quero trabalhar com arte, não prejudicá-la. Mas na situação em que nos encontramos, temos que fazer tudo o que for possível, de forma não violenta, para evitar o colapso civilizacional para o qual nos aproximamos”, afirmou Lazarus, sentado no chão do museu. “Arte é importante e deveria ser guardada para as futuras gerações. Mas quando não há comida, qual é a utilidade da arte? Quando não há água, qual é a utilidade da arte?”, questionou.

A obra de John Constable foi concluída em 1821 e retrata o moinho de Flatford, no rio Stour, em Suffolk. A versão da dupla é de acordo com o Just Stop Oil, uma “cena de pesadelo que demonstra como o petróleo destruirá os nossos campos”. O rio original foi substituído por uma estrada e as árvores foram “queimadas por incêndios florestais”. Um carro velho foi colocado em frente ao moinho e a “famosa carroça de feno carrega um velho máquina de lavar”.

A manifestação na National Gallery ocorreu um dia após o protesto realizado por cinco activistas do mesmo grupo durante o GP da Grã-Bretanha de Fórmula 1. Os manifestantes invadiram o circuito de Silverstone e sentaram-se na pista enquanto acontecia a corrida.

“Estou aqui porque nosso governo planeia conceder licença a 40 novos projectos de petróleo e gás no Reino Unido nos próximos anos. Isso torna-o cúmplice no empurrão do mundo para um clima inabitável e na morte de mil milhões de pessoas nas próximas décadas”, declarou Hannah, segundo um artigo publicado pelo grupo.

De acordo com o jornal britânico Daily Mail, um porta-voz do museu confirmou a detenção da dupla pela polícia e afirmou que a pintura foi danificada. “A Carroça de Feno foi tirada de exposição para ser examinada pela nossa equipa de conservação. A obra sofreu pequenos danos na moldura, além de uma ruptura na superfície do verniz da pintura.”

Texto editado por Mariana Durães

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