As nossas dores podem transformar-se em dons? Inês Gaya, Lisa Joanes e Rute Caldeira acreditam que sim

A Minha Cura É a Tua Cura, editado pela Albatroz, chega às livrarias hoje e propõe uma forma alternativa de olhar para os desafios e para a dor.

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Lisa Joanes, Inês Gaya e Rute Caldeira Porto Editora

Como “transformar a dor em dom”? Inês Gaya, Lisa Joanes e Rute Caldeira são terapeutas de desenvolvimento pessoal e decidiram pegar nas suas próprias experiências pessoais, de dor e dificuldade, para escrever A Minha Cura É a Tua Cura, com sugestões que ajudem os leitores a conhecerem-se e aprender a ultrapassar as suas dores. O livro, publicado pela Albatroz, do grupo Porto Editora, chega hoje às livrarias.

Há muito que as três terapeutas acompanhavam o trabalho umas das outras e a decisão de desenvolverem um projecto em conjunto foi só uma questão de tempo. Então, ficou decidido que iriam aceitar o desafio de Lisa: “Um dia, ainda escrevemos um livro as três...” O resultado visa “ajudar as pessoas a transcender aquilo que são as suas feridas e as suas mágoas” e mostrar como estas podem ser “uma oportunidade de evolução”, explica Rute Caldeira, que fez um mestrado em Comunicação, Organização e Novas Tecnologias, na Universidade Católica Portuguesa, mas acabou por mudar de vida e entrar no mundo do ioga, meditação e terapias alternativas.

As autoras constataram que no mercado não existiam títulos que dessem indicações concretas de como “praticar o caminho da cura”. Afinal, as pessoas passam por desafios semelhantes, significando que a cura não precisa de ser um processo solitário, mas sim de “cooperação”. E Rute Caldeira explica que “há quem passe mais por doença física, por falta de amor-próprio ou por falta de dinheiro”, mas que importa ter a consciência de que “o que nos parece muito mau num primeiro momento pode vir a ser uma grande bênção”.

E o convite é olhar com outros olhos para os desafios, defendem as autoras, ou seja, deixar de ouvir apenas a mente — que tem a tendência de “categorizar tudo como bom ou mau” —, e tentar compreender a causa da dor, ao invés de a reprimir. Todavia, ressalva Rute Caldeira, mais do que olhar para os “porquês”, deve-se atentar aos “para quês”: “O ‘porquê’ coloca-nos na roda do rato — porquê a mim? Porquê a mim? —, e o ‘para quê’ distancia-nos do que está a acontecer e permite-nos observar o que está a acontecer dentro de nós”, distingue.

Falta acreditar

As ferramentas de cura propostas incluem meditações, rituais, mandalas desenhadas especificamente para os diferentes temas — estas foram feitas por Cíntia Borges, especialista nesta arte. As meditações foram gravadas pelas três autoras em simultâneo e podem ser escutadas através de uma aplicação disponibilizada pela Porto Editora.

Aliás, esta ideia de “uma só voz” está muito presente na própria forma como o livro foi escrito, uma vez que as autoras optaram por não discriminar quem escreveu o quê. “Decidimos que dançaríamos as três neste livro e que o leitor só precisaria de receber a mensagem no seu todo”, explica a co-autora ao PÚBLICO.

Uma outra mensagem que as autoras querem passar é ensinar os leitores a “trabalhar com a energia a seu favor”. A “vida é um resultado daquilo que sentimos e pensamos” e, para poder aproveitar os frutos desta ideia, é preciso abrandar as correrias que costumam preencher o dia-a-dia, recomenda Rute Caldeira. “Muito honestamente, isto não é assim tão difícil. O que falta às pessoas é acreditar”, diz.

Como forma de equilibrar esta “mente hiperpensante”, as autoras propõem ouvir outros “tipos de inteligência”, tal como a do coração. Já diz o poema de Alberto Caeiro, com que decidiram abrir o seu livro, que “o Mundo não se fez para pensarmos nele”, conclui. Agora que estrearam a sua primeira colaboração conjunta, Rute Caldeira, Inês Gaya e Lisa Joanes já têm em vista um retiro onde poderão vir a pôr em prática as técnicas propostas no livro.

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