Consultório: os Vinhos Verdes são para beber frescos?

Questões pertinentes e dúvidas persistentes em redor do Vinho Verde, respondidas pelo crítico de vinhos e jornalista de gastronomia José Augusto Moreira.

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Ana Marques Maia

Um Verde geladinho, por favor! O pedido é frequente, mas esta é também a forma mais vulgar de mostrar que não se é lá grande conhecedor ou apreciador. A temperatura é fundamental para se poderem apreciar as qualidades de um vinho, e o excesso de frio (ou de calor) tem o efeito de as adulterar ou mascarar. Portanto, geladinho, nem pensar!

A temperatura é, por isso, essencial para garantir que as qualidades de um vinho têm o devido destaque. E a primeira regra é o bom senso. Ou seja, não há padrões rígidos, devendo a temperatura ser gerida em função das circunstâncias, do estilo de vinho e do contexto de consumo. Sem fundamentalismos, já que no fundo tudo tem apenas um único objectivo: o prazer da bebida.

No caso dos Verdes, que são vinhos frescos por natureza, a regra é, por isso, que se sirvam um pouco mais frescos, para potenciar aquelas que já são as suas qualidades naturais. Mas, lá está, há hoje Verdes de vários estilos e para todas as ocasiões, e se estamos perante um vinho que se destaca mais pelo corpo e estrutura do que pela fruta e jovialidade, convém então que a temperatura suba um pouco.

Num intervalo entre os 8 e os 12 graus centígrados teremos balizada a temperatura ideal para os brancos da região, enquanto os tintos tenderão a tornar-se rugosos e adstringentes com temperaturas acima dos 15-16 graus centígrados. Já os rosados estarão bem pelos patamares mais altos dos brancos e os inferiores dos tintos, enquanto para os espumantes se pedem claramente as temperaturas mais baixas, não devendo nunca exceder os 9 graus.

Mas há também que ter em conta que mal salta a rolha as temperaturas tendem a subir um pouco. Daí que, em caso de dúvida, seja prudente optar sempre por um ou dois graus a menos. Até porque muito mais facilmente se faz subir do que baixar a temperatura a um vinho. Geladinho é que nunca!


Este artigo foi publicado no n.º 5 da revista Singular.

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