Ghislaine Maxwell em isolamento e sob vigilância suicida. Sentença é conhecida terça-feira

Foi parceira romântica e de negócios de Jeffrey Epstein e foi sob o seu tecto que uma norte-americana disse ter sido abusada pelo príncipe André quando ainda era menor. Esta terça-feira, Ghislaine Maxwell saberá se vai ficar presa o resto dos seus dias.

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Ghislaine Maxwell ouviu o veredicto de culpada em Dezembro de 2021 Reuters/JANE ROSENBERG (arquivo)

A ex-socialite Ghislaine Maxwell foi colocada sob vigilância suicida, mas, acusam os seus advogados, a antiga associada de Jeffrey Epstein, condenada em Dezembro por tráfico de sexual, incluindo de menores, não manifestou qualquer sinal nesse sentido, considerando não haver condições para que a sentença seja proferida com a sua cliente em isolamento.

Ghislaine Maxwell relatou que os guardas da prisão de Brooklyn ameaçaram a sua segurança, o que terá levado os funcionários a colocá-la sob vigilância suicida, explicaram os procuradores no domingo, argumentando que não havia necessidade de adiar a sua sentença.

A audiência para se conhecer a sentença de Maxwell, de 60 anos, está marcada para esta terça-feira. Os procuradores pedem entre 30 e 55 anos de prisão efectiva.

Nos documentos que deram entrada em tribunal, no sábado, os advogados de Maxwell disseram que a reclusa foi colocada em observação de suicídio no Centro de Detenção Metropolitano (MDC) e pediram um adiamento da leitura sua sentença. Mas, no domingo, os procuradores públicos argumentaram que tal não era necessário já que Maxwell tinha no seu poder todos os seus documentos legais e que podia obter a mesma quantidade de sono. Acrescentaram ainda que Maxwell foi transferida depois de ter denunciado ameaças à sua segurança pelo pessoal do MDC ao Gabinete Federal de Prisões.

Maxwell recusou-se a elaborar a razão pela qual temia pela sua segurança, comentaram os procuradores, mas sabe-se que a ex-socialite garantiu em consultas de psicologia que não era suicida.

Os advogados de Maxwell não responderam imediatamente a um pedido de comentários por parte da Reuters, ao passo que o Gabinete Federal de Prisões observou que não comenta as condições particulares de confinamento de nenhum recluso. Mas os procuradores disseram que o director das prisões supervisionará uma investigação.

“Dados os relatos inconsistentes da arguida [ao inspector-geral] e ao pessoal de psicologia, a psicóloga chefe avalia a arguida como estando em risco adicional de automutilação, pois parece que pode estar a tentar ser transferida para uma única cela onde se possa envolver em automutilação”, alegaram os procuradores.

Epstein suicidou-se em 2019 numa cela da prisão de Manhattan enquanto aguardava julgamento.

Depois de um júri ter deliberado que Ghislaine Maxwell era culpada por ter ajudado o falecido magnata Jeffrey Epstein a abusar sexualmente de raparigas adolescentes, dando como provado que a antiga socialite britânica de 60 anos recrutou e aliciou quatro adolescentes, entre 1994 e 2004, que viriam a ser abusadas sexualmente por Jeffrey Epstein, caberá à juíza Alison Nathan definir a pena. A defesa de Maxwell pede menos de 20 anos, argumentando que a mulher está a ser um bode expiatório para os crimes de Epstein.

“A morte de Epstein deixou um buraco na perseguição da justiça que estas mulheres queriam”, lamentou o advogado de defesa Bobbi Sternheim, depois de proferido o veredicto: “Ela [Maxwell] está a preencher esse buraco e a sentar-se nessa cadeia vazia.”

Ghislaine, Epstein e príncipe André

Alguns meses após a morte de Epstein, Maxwell comprou uma casa com um milhão de dólares em dinheiro vivo, em Bradford, New Hampshire, onde ficou fora dos holofotes mediáticos até à sua detenção, em Julho de 2020. Um responsável do FBI disse que a socialite tinha “rastejado para longe”.

Filha do magnata britânico da imprensa Robert Maxwell, Ghislaine esteve sempre habituada a uma vida de opulência. O pai criou uma empresa de publicação e foi o proprietário de tablóides como o Daily Mirrror. Robert Maxwell foi encontrado morto no seu iate, perto das Ilhas Canárias, em 1991.

Jeffrey Epstein (n.1953, Brooklyn, Nova Iorque), que já tinha sido considerado culpado por crimes de natureza sexual em 2008 e cumprido 13 meses, ainda que com muitas regalias (saía seis dias por semana para trabalhar no gabinete que mandou construir nas proximidades), foi detido a 6 de Julho de 2019. Pouco mais de um mês depois, a 10 de Agosto, foi encontrado morto na cela de uma prisão de segurança máxima em Manhattan, Nova Iorque. O multimilionário apresentava sinais de “suicídio por enforcamento”, causa que viria a ser confirmada pelo relatório oficial da autópsia.

Horas antes da morte, tinham sido revelados muitos documentos com detalhes sobre as acusações de tráfico sexual de menores de que Epstein era alvo desde 2005, nomeadamente nomes sonantes que estariam envolvidos nos seus esquemas: além do duque de Iorque, a quem Epstein terá sido apresentado por Ghislaine, eram referenciados o antigo governador no Novo México, Bill Richardson, e o antigo senador norte-americano George Mitchell.

No caso do príncipe André, que viria a chegar a acordo no início deste ano, a norte-americana Virginia Giuffre formalizou uma queixa de abusos sexuais, que acusava ter ocorrido quando tinha 17 anos, pelo menos uma das vezes em casa de Ghislaine.

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