EUA: congressista descreve decisão sobre o aborto como “vitória histórica para a vida branca”

Trump celebra a importância dos juízes que nomeou para a decisão tomada agora pelo Supremo Tribunal, considerando que o aborto não é um direito protegido pela Constituição.

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Trump participou no comício de Mary Miller, em Mendon, Illinois, no sábado Reuters/KATE MUNSCH

Muitos republicanos têm sublinhado o papel do ex-Presidente Donald Trump na aprovação, pelo Supremo Tribunal, da reversão da decisão do caso Roe vs. Wade, a jurisprudência que consagrava o direito ao aborto. Afinal, no seu mandato foram confirmados os três juízes que garantiram uma maioria conservadora na mais alta instância judicial dos Estados Unidos. Este domingo, a congressista Mary Miller, do Illinois, pôde agradecer-lhe em pessoa. Estas foram as palavras que escolheu: “Presidente Trump, em nome dos patriotas MAGA (do slogan Make America Great Again), quero agradecer-lhe a vitória histórica para a vida branca no Supremo Tribunal”.

Um assessor de Miller, Isaiah Wartman, disse à Associated Press que a frase foi resultado de “uma confusão de palavras”, num momento em que a congressista olhava para os papéis com o discurso que levara para o comício. Entre os apoiantes ouviram-se aplausos. “Obrigado, Trump”, gritou depois a multidão, durante a intervenção do antigo chefe de Estado. “Prometi nomear juízes e juízas que defendessem o significado original da Constituição”, afirmou. “Conseguimos colocar quase 300 juízes federais e três juízes excepcionais (great) do Supremo Tribunal para fazer exactamente isso.”

Foi na sexta-feira que o Supremo deu a conhecer a sua nova posição, contrariando a opinião do mesmo tribunal, em 1973, e considerando que o direito ao aborto não está previsto na Constituição e que, por isso, cabe a cada estado decidir as suas próprias leis. Ao todo, 26 estados já tinham leis em vigor caso Roe vs, Wade caísse, prevendo a proibição ou restrição extrema da interrupção voluntária da gravidez; noutros passam a valer leis que proibiam o aborto, anteriores a 1973.

Depois de Joe Biden ter lamentado “um dia triste para o Tribunal e para o país”, considerando que “agora, a saúde e a vida das mulheres desta nação estão em risco”, vários dirigentes democratas têm pressionado o Presidente a avançar com medidas concretas que permitam mitigar a decisão: alargar o acesso a contracepção e a consultas à distância ou financiar as despesas de viajar a outro estado que permita um aborto, por exemplo. Outros, como Alexandria Ocasio-Cortez, decidiram apostar em soluções mais imediatas – em pouco mais de um dia a congressista angariou 400 mil dólares para grupos de apoio ao aborto.

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