Só ganha a guerra quem luta sem armas

Vamos dar uma volta a isto. Temos que dar uma volta a isto.


Ninguém vai ganhar esta guerra. Só a não violência, a desobediência civil, a acção directa não violenta, a resistência desarmada das ideias, da cultura dos sentimentos podem inverter a actual situação.

Não é minimamente previsível, e se o fora seria o inicio da guerra perpétua, que a Ucrânia ganhe a guerra, e para fazer a paz tem que ceder em territórios que já são russos e são habitados por maiorias russas, tem que ceder nas armas (nuclear não, obrigado) e tem que ceder no belicismo descabelado de que os seus governantes dão mostras e deixar cair a ideia da NATO.

É altamente improvável que a Rússia obtenha sucessos, e se os obtivesse seria o inicio de uma paz podre e para sempre em guerra, e até para tal teria que abandonar a ideia de transformar a Ucrânia num Estado lacaio (como a Bielorússia ou o Cazaquistão) e parar a invasão de territórios que nunca foram russos, onde as populações russófilas são praticamente inexistentes e contentar-se com o statu quo da sensatez, que é renunciar a intervir para além das zonas de facto adquiridas a maioria russas. Comprometer-se a não voltar a atacar Estados soberanos e aceitar pagar indemnizações de guerra.

Claro que para tal é preciso que haja dirigentes com outra fibra, com outra inteligência de um lado e de outro e que a comunidade internacional seja barrada de continuar a estimular a guerra, mais, mais guerra e seja mobilizada para um programa sensato de paz.

Infelizmente não vemos nada, nada que se estruture nesse sentido e a comunicação social só existe para alimentar os arautos da guerra e nela não vemos, não lemos a mínima sensatez ou qualquer visão de futuro. Os donos da comunicação são os donos da guerra, como são os donos do numérico ou da nuclear. E claro são eles que fabricam as armas.

Vamos dar uma volta a isto. Temos que dar uma volta a isto.

Meditemos no que dois filósofos nos dizem: “O heroísmo de todos aqueles que ao longo de milénios morreram pela democracia, merece que usemos comedidamente o seu nome, neste tempo em que o mal parece destinado a prevalecer sobre o bem e a justiça”, Viriato Soromenho Marques; “O bem e o mal não existem na Natureza”, Espinoza.

E caminhemos com o espírito de Gandhi, Luther King, Lanza del Vasto, Rachel Carson, Russell, e até de Einstein. Demos vida às luzes que nos transmitiram e recusemos a guerra, recusemos mais armas, recusemos, digamos não aos que nos querem fazer idolatrar algum desses novos oximoros. Proclamemos que guerra não é paz, armas não são palavras, vida não é morte.

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