Alerta no Reino Unido devido a vestígios do vírus da polio nos esgotos

O vírus foi detectado em amostras recolhidas numa estação de esgotos que serve cerca de quatro milhões de pessoas no norte e leste de Londres. Até agora não foi identificado nenhum caso de infecção.

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O último caso de poliomielite no Reino Unido foi registado em 1984 Reuters/PETER CZIBORRA

As autoridades de saúde britânicas lançaram um alerta após terem sido encontrados nos esgotos de Londres vestígios do vírus da poliomielite, doença declarada erradicada do Reino Unido em 2003.

A Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido (UKHSA) comunicou que o vírus foi detectado em amostras recolhidas entre Fevereiro e Junho na estação de esgotos de Beckton, que serve cerca de quatro milhões de pessoas no norte e leste da capital.

A detecção deste poliovírus “sugere que é provável que tenha havido alguma disseminação entre indivíduos com relações próximas no norte e leste de Londres”, diz a UKHSA, embora até agora não tenha identificado nenhum caso de pessoa infectada, tendo o vírus sido apenas encontrado nos esgotos.

Era “normal” serem detectados um a três casos por ano, em especial devido a pessoas vacinadas no estrangeiro com vacinas de toma oral, que são feitas com o vírus vivo e que pode deixar vestígios nas fezes.

Porém, desta vez as amostras indicam a existência de um vírus que continuou a evoluir e que agora é classificado como um “poliovírus tipo 2 derivado de vacina”, que pode causar sintomas graves, como paralisia, em pessoas não vacinadas.

Segundo as autoridades, a maioria da população foi imunizada durante a infância, mas existem algumas comunidades com baixo grau de vacinação, nas quais o risco de contágio é maior, pelo que urgem as pessoas a consultar os boletins e a actualizarem as vacinas.

Segundo a BBC, em Londres apenas 86% dos habitantes têm as três doses da vacina, contra mais de 92% no resto do Reino Unido.

A agência de saúde acredita que o vírus pode ter chegado ao Reino Unido no início deste ano através de uma pessoa vacinada no estrangeiro, possivelmente no Afeganistão, Paquistão ou Nigéria, e que essa pessoa possivelmente infectou outros indivíduos.

A UKHSA instou os médicos e profissionais de saúde a “investigar e relatar exaustivamente quaisquer casos suspeitos de paralisia flácida aguda” que não possam ser explicados por causas não infecciosas.

Apela também aos centros de saúde para verificarem se os pacientes receberam vacinas contra a poliomielite, bem como para colocar “especial ênfase” na imunização de “novos migrantes, requerentes de asilo e refugiados”.

A poliomielite é uma doença infecciosa sem cura que afecta sobretudo crianças com menos de cinco anos e que só pode ser prevenida com a vacina. Nalguns casos, pode provocar paralisia de membros. O vírus espalha-se facilmente quando uma pessoa infectada tosse ou espirra e também pode propagar-se através de alimentos ou água que estiveram em contacto com as fezes de alguém infectado.

O último caso de poliomielite no Reino Unido foi registado em 1984 e o vírus foi declarado erradicado em 2003 no país. Apesar de ter sido eliminado na maior parte do mundo graças a um grande programa de vacinação, o poliovírus continua a existir sobretudo no Afeganistão e no Paquistão.

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