No futebol mundial, ninguém enche os bolsos como o Benfica

Os “encarnados” passaram a ser quem mais recebeu em transferências na última década e o segundo clube que mais recebeu desde o início do século. No saldo entre compras e vendas, o FC Porto também se destaca.

Foto
Darwin a ser apresentado no Benfica LUSA/RUI MINDERICO

Com a venda de Darwin Núñez por 75 milhões de euros, o Benfica passou a ser o clube que mais facturou em vendas de jogadores na última década e subiu também ao segundo lugar da hierarquia se analisarmos os valores desde o início do século.

O levantamento do PÚBLICO com dados do Transfermarkt é claro acerca dos clubes que melhor vendem jogadores. O Benfica não tem concorrência nesse pelouro, já que, neste século, apesar de a Juventus ter facturado mais euros, o clube português fez menos 135 transferências do que os italianos, o que mostra que vende mais caro.

Se reduzirmos a amostra à última década, então nem a Juventus faz sombra. O Benfica é líder em receitas (1,11 mil milhões de euros recebidos), superando a concorrência do Mónaco e do Chelsea, sendo que, para este cenário, contribuíram especialmente as vendas dos passes de João Félix, ao Atlético de Madrid, em 2019 (126 milhões), e de Rúben Dias, ao Manchester City (68 milhões), em 2020.

É até curioso ver que o Benfica é a equipa que menos flutua entre os valores recebidos desde 2000 e os recebidos desde 2012. E há uma explicação: é que quase toda a facturação dos “encarnados” em vendas de jogadores aconteceu precisamente na última década, pelo que os anos na viragem do milénio – o chamado “Vietname” benfiquista – pouco contam no bolo total.

Mas o Benfica não é o único a prosperar na hora de exibir talento e de o vender a bons preços. O FC Porto surge em oitavo lugar no ranking do século e em décimo no da década. Mas é no binómio compras-vendas que os clubes portugueses mais se destacam.

Na última década, Benfica e FC Porto são as duas equipas do mundo que melhor saldo têm entre investimento e receitas – lisboetas com mais de 600 milhões positivos e portuenses pouco abaixo dessa marca. E são até, a par do Mónaco, as únicas equipas do top 10 de receitas que apresentam saldo positivo – as restantes sete andam há dez anos, em matéria de transferências, a gastar acima daquilo que recebem.

Foto
Fonte: Transfermarkt PÚBLICO

Onde surge o tradicionalmente formador Sporting? Não muito acima nas receitas, mas os “leões” aparecem no sexto lugar no ranking de saldo entre compras e vendas na última década.

Sucesso colectivo não é essencial

De onde vem tudo isto? Há vários factores. O mais evidente é que a Liga portuguesa é, por excelência, um “campeonato-trampolim”. Não é uma Liga de primeira linha europeia, mas também não é um campeonato periférico. E este facto é comprovado pela presença de clubes franceses, como o Mónaco, neerlandeses, como o Ajax, ou portugueses, como Benfica e FC Porto, nos rankings de melhores saldos entre compras e vendas.

Em França, Países Baixos e Portugal, a premissa é formar e vender ou, no pior dos casos, comprar barato para vender caro. Curiosamente, esta lógica é aplicável a boa parte da maquia recebida nos últimos anos, mas não necessariamente à venda de Darwin Núñez.

Primeiro porque o jogador uruguaio não foi uma compra barata, bem pelo contrário: custou 24 milhões de euros, o maior investimento da história do Benfica. Depois, porque o Benfica conseguiu valorizar o jogador numa temporada reconhecida pela própria estrutura como falhada. No caso de Darwin, o destaque individual não esteve anexado ao sucesso colectivo, já que o jogador marcou golos em grandes doses numa equipa que não prosperou em qualquer prova interna.

E daqui surge o terceiro prisma. É que o Benfica, apesar da temporada pouco fulgurante, pôde exibir-se até aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, montra que Darwin aproveitou a preceito, com golos e desempenhos de grande nível frente a Barcelona, Bayern de Munique e Liverpool.

No meio de tudo isto, Darwin acaba de tornar-se a segunda venda mais alta deste mercado, só superado pelos 80 milhões de euros que o Real Madrid pagou ao Mónaco por Tchouaméni.

Também o médio francês prosperou numa equipa colectivamente pouco feliz em 2021/22, pelo que fica claro que, por estes dias, o sucesso colectivo não é condição sine qua non para grandes vendas. Importa, sobretudo, o talento individual – e se esse talento tiver menos de 23 anos… não há que enganar.

Sugerir correcção
Ler 18 comentários