The Wire II: Dickens, televisão e trabalhos escolares

We Own This City é só investigação forense, e obriga-nos a um exercício não muito diferente de ler um magnífico trabalho escolar, ou consumir uma reportagem audiovisual excepcionalmente bem pesquisada e organizada.

Eis algo desnecessário que Dickens fez no seu último romance completo, Our Mutual Friend (traduzido em Portugal como O Amigo Comum). Estamos no nono capítulo. Nesta altura dos acontecimentos, o livro já começou de oito maneiras diferentes, colocando o leitor no centro de várias Londres, simultaneamente realistas e fantásticas. Já ficámos a conhecer pessoas que ganham a vida a pescar cadáveres do rio, pessoas que passam o tempo a organizar banquetes sumptuosos, advogados melancólicos, órfãos atrevidos, comerciantes sinistros, náufragos misteriosos. Fomos expostos a farsa doméstica, colóquio burlesco, nevoeiro atmosférico, e aos rudimentos de um enredo policial. Todos os núcleos e cenários são ligados, nesta fase inicial, apenas por uma redundância caracteristicamente dickensiana, em que diversas linhas temáticas (literacia, corrupção, superficialidade) vão sendo reiteradas em contextos diferentes e com novos acessórios.

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