Anúncio vegan banido da televisão no Reino Unido por “causar desconforto”

As “imagens explícitas” do abate de animais seriam “susceptíveis de causar desconforto”. A Vegan Friendly UK explicou que o intuito do vídeo banido da televisão não é difamar mas mostrar a “potencial hipocrisia” de quem come carne.

Três pessoas comem peixe e carne enquanto discutem sobre direitos dos animais: “Há países que ainda fazem touradas. Não se preocupam com os animais como nós nos preocupamos”, diz um dos actores no anúncio inglês que intercala a conversa ao almoço com imagens de animais durante o processo de abate.

A Advertising Standards Authority (ASA), entidade reguladora de publicidade do Reino Unido, baniu a campanha publicitária para televisão da organização não-governamental Vegan Friendly UK depois de receber acusações de transmitir imagens explícitas e de violência contra animais, as quais seriam susceptíveis de causar desconforto.

No final do anúncio, transmitido em Março de 2022, uma legenda salvaguarda que “nenhum animal foi ferido, consumido ou comprado para fazer este anúncio”. Segue-se um apelo: “Faz a conexão”.

Mesmo depois de uma restrição que impedia o anúncio de ser transmitido no intervalo comercial de programas para menores de 16 anos, o vídeo continuou a ser alvo de reclamações que questionavam o teor das imagens utilizadas, bem como a motivação do anúncio. Esta não é a primeira vez que a organização tem problemas com os seus anúncios. Em 2021, a Vegan Friendly lidou com centenas de pedidos para retirar uma publicidade do ar na qual uma ovelha viva era vendida num supermercado como um produto “extra fresco”. Na altura, todas as acusações foram rejeitadas.

Desta vez, a ONG explicou que o intuito do vídeo era destacar a “potencial hipocrisia e as contradições entre o que as pessoas diziam e suas acções” e “encorajar os comedores de carne que eram contra a crueldade animal a reconsiderarem” os seus hábitos.

O comunicado da ASA acrescenta, ainda, que a “Vegan Friendly acreditava que o anúncio não causaria angústia”. A ONG acrescentou que, se o vídeo causou desconforto, “é justificável porque milhares de milhões de animais são mortos na indústria da carne”.

Ao todo, o órgão regulador recebeu 63 queixas, as quais resultaram na remoção da publicidade e numa advertência à Vegan Friendly UK para evitar o “uso de imagens que pudessem causar angústia, tanto para o público jovem, quanto para adultos”, lê-se na decisão.

“Embora algumas das imagens não fossem inerentemente explícitas ou violentas, consideramos que alguns dos excertos exibidos provavelmente causariam desconforto no contexto do anúncio”, afirma. Por fim, a entidade concluiu que o anúncio “não era adequado para transmissão na televisão, independentemente das restrições de programação”.

O Reino Unido proibiu também uma publicidade de soutiens da Adidas, que mostrava dezenas de mamas de mulheres. A decisão, publicada no mês de Maio, entendia que a acção publicitária era ofensiva e violava a regra de responsabilidade social, expressa no código da entidade.

Texto editado por Renata Monteiro

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