Organização do Primavera Sound de Barcelona sob fogo após queixas de festivaleiros e trabalhadores

Em alguns bares, as filas de espera no primeiro dia do festival chegaram a atingir as duas horas. Organização vai adoptar medidas para resolver problemas no segundo fim-de-semana do evento, que começa esta quinta-feira.

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Excesso de público gerou grandes congestionamentos no primeiro dia do Primavera Sound de Barcelona Alejandro Garcia/EPA

Filas de duas horas para conseguir uma bebida, trabalhadores exaustos e queixas contra seguranças: o primeiro fim-de-semana do Primavera Sound de Barcelona, que decorreu entre quinta-feira e sábado passados, gerou uma torrente de críticas à organização do evento – que garante estar a adoptar medidas para corrigir as falhas apontadas pelos festivaleiros. Os relatos de experiências negativas foram compilados numa página de Instagram baptizada “Primaverasucks”, que conta já com mais de 1600 seguidores.

O festival estava mal organizado, tanto para o público como para os trabalhadores. O primeiro dia, então, foi o caos total. Estava num dos bares junto ao palco secundário e a partir das 15h tivemos uma enchente e nunca mais parámos. Nem tive tempo de ir à casa de banho ou de comer”, detalha Gabriela Nunes ao PÚBLICO. A jovem trabalhou num dos bares no Primavera Sound de Barcelona e diz que a circulação entre palcos estava muito congestionada: “Pelo que ouvi, os acessos ficavam muito cheios. Havia gente que ia de um concerto para outro e não se conseguia mexer, ficava 40 minutos presa. Deve ser assustador.”

Do outro lado do balcão – e apesar dos esforços para servir o público com a maior celeridade possível –, a frustração crescia: às longas filas juntavam-se o calor e a escassez de água. “Tínhamos pessoas a insultar-nos, atiravam copos. Uma rapariga teve um ataque de ansiedade porque um cliente a estava a ameaçar, desistiu logo nesse dia e foi para casa. Também havia gente que percebia que a culpa não era nossa, mas estamos num festival – o bilhete já era caro – e estavam irritados.”

No Twitter, a organização abordou as queixas do público logo no primeiro dia do evento, pedindo desculpa pelos problemas e garantindo que estavam a ser tomadas medidas para os solucionar.

O jornal espanhol El País foi um dos que noticiaram as queixas dos festivaleiros, confirmando que a organização do Primavera Sound irá adoptar algumas modificações para o segundo fim-de-semana do evento, que se inicia esta quinta-feira, tal como seu congénere português: mais pessoal e mais bebedouros no recinto (algumas publicações apontavam a ausência de água em certas zonas do complexo). Após o caos registado no primeiro dia, foi tomada a decisão de encerrar alguns dos bares e reforçar o número de pessoas a trabalhar nos restantes, algo que serviu para amenizar os tempos de espera na sexta-feira e no sábado.

“Havia poucas pessoas para o trabalho que tínhamos, algumas estavam a desistir com ataques de pânico e ansiedade. Acho que a organização vendeu demasiados bilhetes e não contratou pessoas suficientes”, considera Filipa Correia, outra portuguesa que trabalhou no festival, em conversa com o PÚBLICO.

A portuense estava numa outra zona do complexo, mas as queixas são as mesmas que Gabriela transmitiu. “Estava junto ao palco Binance, um dos secundários. Não era muito mau, o meu bar fechava às 3h e eu fazia 13 horas de trabalho. Mas [nos bares do palco principal] havia pessoas a fazer 15 horas, era muito puxado. Não conseguiam ir à casa de banho porque não dava para largar os bares”, lamenta.

No Instagram foi criada uma página com o nome “Primaverasucks” onde são compiladas as queixas. A maioria prende-se com os longos tempos de espera para comprar comida e bebida, mas há também muitas pessoas que acusam os seguranças de antipatia e, em certos casos, agressividade.

O segundo fim-de-semana do Primavera Sound Barcelona começa esta quinta-feira e estende-se até sábado.

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