Banco Alimentar reforça que há mais pedidos de apoios

Presidente do Banco Alimentar do Algarve diz que não houve “uma melhoria” no número de pedidos de ajuda. “Continuamos a receber pedidos de apoio quer de pessoas quer de instituições, portanto não estamos numa fase decrescente dos pedidos de apoio.”

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Miguel Manso

O presidente do Banco Alimentar do Algarve disse esta quarta-feira que estão a receber cada vez mais pedidos de famílias e instituições para apoio alimentar, sublinhando que o aumento dos preços tem estado a pressionar novamente a população mais carenciada.

Nuno Cabrita Alves falava à Lusa a propósito da intenção do Governo de reduzir o número de beneficiários do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC) de 120 para 90 mil, justificando com a evolução favorável da situação epidemiológica no país e a progressiva normalidade em geral”.

“Nós não entendemos que haja uma melhoria, continuamos a receber pedidos de apoio quer de pessoas quer de instituições, portanto não estamos numa fase decrescente dos pedidos de apoio muito pelo contrário o aumento dos preços, a taxa de inflação tem estado a pressionar novamente aquilo que é a população mais carenciada”, adiantou.

Nuno Cabrita Alves disse que enquanto presidente do Banco Alimentar do Algarve faz a representação junto do Estado no âmbito do POAPMC, mas cada Banco Alimentar tem capacidade para fazer a gestão do programa.

“Estávamos informados [da intenção da redução de beneficiários]. Já estava em plano há algum tempo, porque para fazer a gestão do programa tem de se pensar naquilo que são os número de destinatários a apoiar porque isto obriga a concursos públicos e tem de ser planeado com antecedência”, disse.

De acordo com Nuno Cabrita Alves, o número original de beneficiários do programa era de 60 mil, depois passou para 90 mil e depois subiu para os 120 mil devido à pandemia de covid-19.

“Agora estão novamente previstos os 90 mil para manter até ao final do programa no final do ano. Estamos muito preocupados porque queremos saber a continuidade do programa. Ao contrário do passado era interessante que não houvesse uma paragem de um programa para o outro”, disse.

Nuno Cabrita Alves disse também estar preocupado com o número insuficiente de alimentos que está a ser distribuído no âmbito deste programa.

“O número de alimentos distribuído é insuficiente e inferior ao que está assumido no programa. Tem a ver com a dificuldade de fornecimento de alguns fornecedores, do aumento de preços devido à guerra e ausência de alguns produtos que afasta fornecedores dos concursos, etc”, referiu

Nuno Cabrita Alves contou que de um cabaz de 25 produtos, chegaram a distribuir apenas seis.

“Neste momento, numa base de 21, há sete produtos fora do cabaz, alguns sem perspectiva de voltarem”, disse.

De acordo com o Jornal de Notícias (JN) desta quarta-feira, o ISS deu indicações em 20 de Maio aos directores da Segurança Social de todo o país para informarem os técnicos que acompanham o POAPMC que têm de reduzir o número de beneficiários de 120 para 90 mil.

Questionado pelo jornal, o Governo confirmou que actualmente serão 110 mil as pessoas que cumprem os critérios e que o objectivo é continuar a reduzir.

O Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC) foi criado em 2015 na União Europeia e pretende ser um instrumento de combate à pobreza e à exclusão sociais, atribuídas a causas estruturais, agravadas por factores conjunturais.

As pessoas que se encontrem em situação de carência económica, pessoas sem-abrigo e na situação de indocumentadas podem ter acesso ao POAPMC, que é financiado pelo Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais carenciadas que em Portugal depende da Segurança Social.

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