Carreiras da Carris Metropolitana em Setúbal não saíram por falta de formação dos motoristas

Transportes Metropolitanos de Lisboa espera que circulação retome normalmente esta terça-feira, com o horário das viagens feito pelos anteriores operadores. E imputa ainda responsabilidades à empresa Alsa Todi por não estar ainda a cumprir o que foi contratualizado.

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Autocarros começaram a circular no dia 1 de Junho Francisco Romão Pereira

Cerca de 90% das carreiras urbanas e interurbanas da Carris Metropolitana previstas para esta segunda-feira na região de Setúbal não se realizaram porque os motoristas desconheciam os percursos e as paragens definidas pelo novo operador, revelou esta segunda-feira fonte sindical.

“Os trabalhadores fizeram uma paralisação espontânea esta segunda-feira por não terem tido formação sobre os novos horários e percursos das carreiras, mas, entretanto, já houve um acordo entre a Alsa Todi, a nova operadora de transportes rodoviários nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, e a TML, Transportes Metropolitanos de Lisboa, entidade responsável pela gestão dos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa, para que sejam retomados os horários da anterior operadora, TST, nos próximos 15 dias”, disse à agência Lusa Fernando Fidalgo, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

Segundo o sindicalista, “os trabalhadores não tinham conhecimento nem dos novos percursos nem dos novos horários, e, ainda por cima, as chapas de serviço (onde está toda a informação sobre o serviço que o trabalhador vai fazer durante o dia, onde faz os intervalos e refeições) estavam em espanhol”.

“Perante isto, muitos trabalhadores não iniciaram o serviço, fizeram uma paralisação espontânea e determinaram que ou lhes era dada a formação e o conhecimento suficiente para desempenharem as suas funções, ou então colocavam alguém nas viaturas que lhes ensinasse o caminho. Como nada disso aconteceu, vão continuar parados durante todo o dia”, acrescentou.

De acordo com Fernando Fidalgo, perante a situação criada em Setúbal, “a Fectrans e outros sindicatos reuniram-se com os trabalhadores, fez-se um levantamento dos problemas, reuniu-se com a administração da Alsa Todi” e chegou-se à “conclusão que seriam retomados os serviços e os horários da anterior operadora, que era a TST, durante um período de 15 dias. E, durante este período, a Alsa Todi irá dar a formação necessária aos trabalhadores, para que possam depois fazer os novos serviços e os novos horários”.

A Câmara Municipal de Setúbal revelou, entretanto, que, “perante as dificuldades sentidas nos primeiros dias de operação da Carris Metropolitana no concelho, tem vindo a manifestar a preocupação da autarquia com os problemas surgidos, em particular no que diz respeito ao incumprimento de horários e lotações dos autocarros, junto da TML.

“O município apelou à TML para que transmita ao operador do serviço, a Alsa Todi, estas preocupações e a necessidade de desenvolver os imprescindíveis esforços para normalizar rapidamente a operacionalidade dos transportes públicos rodoviários no concelho”, lê-se na nota de imprensa divulgada hoje pela Câmara de Setúbal.

A agência Lusa tentou ouvir a administração da Alsa Todi, mas não foi possível em tempo oportuno.

Os novos autocarros amarelos da Carris Metropolitana começaram a operar em 1 de Junho em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, num primeiro passo para uniformizar os transportes rodoviários de passageiros nos 18 municípios Área Metropolitana de Lisboa (AML).

A gestão deste processo está a cargo da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), criada e detida a 100% pela AML, que esta segunda-feira disse ter tomado conhecimento que “algumas destas falhas de serviço se devem a questões laborais entre a Alsa Todi e os seus trabalhadores, estando, no entanto, a desenvolver todos os esforços para garantir que a operação da Carris Metropolitana seja realizada nos termos contratuais definidos, com vista à rápida e completa resolução das actuais situações de incumprimento”.

Em comunicado, a TML imputa responsabilidades à Alsa Todi por não ter ainda conseguido “atingir”, em termos de cumprimento de horários e disponibilização de informação ao público, o que foi contratualizado. E nota ser sua expectativa que a operação da área 4 possa retomar o seu funcionamento na terça-feira, com os horários praticados pelos operadores anteriores. “Estamos a trabalhar no sentido de garantir que o novo operador possa superar os incumprimentos nesta fase de arranque inicial e assegurar a oferta prevista para a nova operação”, refere a empresa.

Os autocarros destes concelhos têm também desde quarta-feira passada uma nova numeração das carreiras, novos horários, uma redução de 902 tipos de bilhetes para apenas três, novo design nos passes e bilhética e algumas, embora poucas, alterações à localização das paragens.

Foram criadas quatro zonas de operação, duas envolvendo municípios da margem norte do Tejo e outras duas na margem sul.

A “área 1” inclui Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra, a “área 2” Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, a “área 3” Almada, Seixal e Sesimbra e a “área 4” Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.

Nas restantes áreas, a operação começará dentro de um mês, em 1 de Julho.

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