Música regressa ao Verão da Casa da Música, e esta volta a sair para a rua

De Hermeto Pascoal à Orquestra Sinfónica do Porto de novo nos Aliados, serão 87 os concertos a apresentar durante dois meses e meio.

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Hermeto Pascoal Arquivo PÚBLICO

O regresso de dois monstros da Música Popular Brasileira, Hermeto Pascoal e Milton Nascimento, em anunciados próximos abandonos dos palcos; também o do colectivo russo Pussy Riot, previsivelmente em mais uma acção anti-Putin e anti-guerra; e ainda o regresso aos concertos ao ar livre e fora do edifício de Rem Koolhaas vão marcar a programação de Verão da Casa da Música, anunciada esta terça-feira.

Hermeto Pascoal, 85 anos, actua já esta quarta-feira, às 22h, na Sala Suggia (e dia 3, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa). Na sequência de uma curta digressão europeia, o compositor, multi-instrumentista, maestro e “ícone da cultura brasileira” apresenta-se uma vez mais com o seu grupo Nave Mãe, em formação de sexteto.

“A Última Sessão de Música” é o título da digressão de Milton Nascimento, a celebrar a aproximação do 80.º aniversário (26 de Outubro). Actua no Porto, a 29 de Junho (seis dias depois do Coliseu de Lisboa), mas o seu filho e manager, Augusto Nascimento, recusa a ideia de despedida; é antes “uma celebração da história da vida dele”, diz.

Também em digressão portuguesa estarão as Pussy Riot (8 de Junho, no Porto; e no dia a seguir, no Teatro Capitólio, em Lisboa), quatro anos após a sua passagem pelo Festival de Paredes de Coura, e a tempo, certamente, de Yekaterina Samutsevich, Nadezhda Tolokonnikova e Maria Alyokhina expressarem o seu “hooliganismo” musical e interventivo relativamente à invasão russa da Ucrânia.

São três nomes para os 87 concertos que vão preencher o programa de dois meses e meio do Verão da Casa, a assinalar também “o regresso da instituição ao espaço urbano da Área Metropolitana do Porto, depois de dois anos de ausência, de novo com uma oferta diversificada e também à conquista de um público mais alargado para a música erudita e sinfónica”, nota António Jorge Pacheco.

O director artístico da Casa da Música realça também a retoma dos concertos ao ar livre, a começar já na noite de São João (23 de Junho), com o desdobramento de espectáculos entre a Sala Suggia, com a tradicional Banda Sinfónica Portuguesa, e, já no cais de carga exterior ao edifício, a apresentação do artista e trovador de quem se fala, Chico da Tina, com os seus Põe-te fino e Trapalhadas.

De Gaia aos Aliados

Nas semanas a seguir, e até ao dia 17 de Setembro, em cinco outras ocasiões a música irá aproximar-se das populações: no fim-de-semana de 24 e 25 de Junho, três centenas de crianças comporão o Coro Infantil Casa da Música, que, com a Orquestra Sinfónica do Porto, irão protagonizar o programa duplo Arrábida Sinfónica, na praceta do shopping de Gaia; a 5 de Julho, caberá ao compositor e pianista Telmo Marques fazer arranjos dos temas mais populares dos GNR, com a banda de Rui Reininho a interpretá-los em conjunto com a Sinfónica; a 8 de Julho, uma estreia na relação da Casa com Serralves, de novo com a Sinfónica, a levar ao prado da fundação obras de Mozart, Strauss II e Piazzolla, entre outros; uma semana depois (dia 16), Stefan Blunier, maestro titular da Orquestra Casa da Música, dirige um programa com obras de Bernstein, Gershwin, Copland e John Williams eternizadas no cinema; finalmente, a 10 de Setembro, acontece “a verdadeira rentrée da Casa”, defende António Jorge Pacheco, com o regresso daquela formação à Avenida dos Aliados, com obras de Suppé, Rossini, Brahms e Tchaikovsky.

Paralelamente a esta programação mais ecléctica, as formações residentes da Casa prosseguem o programa delineado para 2022, nomeadamente com a Sinfónica a registar mais uma flash do Retrato Rebecca Saunders, a britânica este ano compositora em residência no Porto, e de quem a violinista alemã Carolin Widmann vem tocar a peça Still, que lhe foi dedicada (13 de Setembro).

E neste que a Casa da Música proclamou o Ano do Amor, a Sinfónica e o Remix Ensemble propõem mais três “concertos duplos”: os solistas Paulo Barros (flauta) e Ilaria Vivan (harpa) tocam Mozart e Scriabin (17 de Junho); Jonathan Ayerst e Miquel Bernat interpretam o Duplo concerto para piano, percussão e ensemble de Unsuk Chin (13 de Setembro); e o duo Andreas Grau-Götz Schumacher, o Concerto para dois pianos e orquestra n.º 1 de Bach (17 de Setembro).

O Verão na Casa tem ainda espaço para outros nomes, da pop ao jazz, como Emma Ruth Rundle (6 de Julho), Robert Glasper (19 de Julho) e John Pizzarelli (20 de Julho); e para o bienal Prémio Suggia (25 de Junho a 1 de Julho). Já o mês de Agosto, a pensar principalmente nos turistas, ficará reservado para o fado, na Sala 2, com quatro actuações semanais de Fado Violado, Francisco Moreira, Rute Rita e Adriana Paquete.

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