Estrelas das viagens no Instagram, Jesse Koz e o seu cão Shurastey morrem em acidente

O brasileiro e o seu Golden Retriever, dupla seguida por mais de um milhão de pessoas, estava a viver mais uma aventura: cruzar a América num Carocha rumo ao Alasca. Um acidente fatal pôs fim à viagem em Oregon, EUA.

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Célebre pelas viagens na companhia de Shurastey, um simpático e fiel Golden Retriever, o brasileiro Jesse Kozechen, de 29 anos, sofreu na segunda-feira um acidente nos arredores de Selma (Oregon, EUA). Tanto Jesse como Shurastey morreram após o impacto com outro veículo, confirmou a família.

Jesse Koz, como era conhecido, somava milhares de seguidores nas suas redes sociais, onde ao longo dos últimos cinco anos publicou viagens na companhia do seu cão. “Viajando de Fusca [VW Carocha] rumo ao Alaska! Desde 2017 + de 85 mil kms por 17 países” era o mote actual do Instagram do projecto, Shurastey Shuraigow, uma brincadeira com o nome do cão e a canção Should I stay should I go dos Clash, que já servira para baptizar o Golden Retriever. A viagem, nesta rede, estava a ser seguida por mais de 900 mil pessoas.

Nascido no Paraná, como informa a Folha de São Paulo, Jess tinha-se feito à estrada para realizar um grande sonho, desistindo de um emprego num centro comercial de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Em 2017 começou a viajar no seu Carocha e com o seu cão, que tinha na altura dois anos. Viajou por todo continente americano, mas a pandemia obrigou-o a regressar ao Brasil e tinha retomado a odisseia este ano. A meta era atingir o Alasca.

“Queria fazer algo novo, algo diferente, algo que fizesse meu coração vibrar, que eu lembrasse alguns anos à frente e me fizesse sorrir do nada, apenas com a memória de que a minha vida valeu a pena ser vivida”, escreve na apresentação do projecto no site em que vendia produtos (para humanos e para cães) e merchandising, como forma de apoiar a viagem. “Vendi tudo o que tinha”, contava ("microondas, tv”...). Informou-se, planeou, poupou e trabalhou para tornar realidade o seu plano.

A sua “busca pela liberdade” acabou por dar-lhe muitas aventuras pela estrada, levou-o a cruzar o Brasil de “ponta a ponta” e as Américas; e não faltam nos seus instas relatos e momentos de felicidade na companhia do seu amigo de quatro patas.

“No dia 15 de Junho de 2017 chegamos no Ushuaia, lembro como se fosse hoje a emoção foi tamanha”, escreveu “não tenho como descrever com palavras”: “Foi a emoção mais forte até hoje. Eu não tinha feito nada tão extraordinário na minha vida e ter chegado e vencido todas as dificuldades, principalmente dos últimos 220 quilómetros debaixo de neve e com gelo na pista, foi incrível. Desci do carro, dei um berro tão alto e forte para aliviar toda tensão, que policiais vieram perguntar o que estava acontecendo. Respondi que estava feliz e eles foram embora dando risada.”

Cenas similares de alegria foram-se repetindo e Jesse e Shurastey continuaram a sua saga. Até ao fatal acidente nesta segunda-feira. Os seguidores dos viajantes abriram entretanto uma conta solidária para apoiar a família na transladação dos corpos para o Brasil, avança a rede Globo.

No Instagram pessoal de Jesse, onde tinha quase 300 mil seguidores, a sua frase de apresentação, uma espécie de mote de vida que decidiu para si, parece agora mais pesada: “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão.” Fica a certeza para quem o seguia de que viveu (viveram) como heróis das viagens e do sonho de viajar.

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