Comissão nacional do ICOM alerta para falta de condições de alguns dos principais museus do país

Presidente da comissão nacional do Conselho Internacional de Museus assume a preocupação com que olha para os museus portugueses de referência, afectados por uma dramática falta de recursos que os torna incapazes de “cumprir as funções que lhes estão cometidas”, escreve. Hoje é Dia Internacional dos Museus.

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O ministro da Cultura Pedro Adão e Silva visitou esta manhã o Museu Monográfico de Conímbriga Sergio Azenha

A comissão nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM-Portugal) alertou esta quarta-feira que “algumas instituições de referência” do país “não estão já em condições de cumprir as funções que lhes são cometidas”, devido a uma “crónica” falta de recursos.

O apelo é feito pela presidente do ICOM-Portugal, Maria de Jesus Monge, num texto para assinalar o Dia Internacional dos Museus, que hoje se comemora.

No documento, enviado à agência Lusa, a responsável sublinha a importância dos museus “para a preservação e divulgação do património das comunidades, povos e nações”, chamando a atenção para a realidade vivida pelo sector.

“Algumas das instituições de referência nacional não estão já em condições de cumprir as funções que lhes estão cometidas. Esperamos que o reconhecido ‘Poder dos Museus’ obtenha uma visibilidade que transcenda a data e se reflicta em estratégia e recursos rejuvenescedores”, alerta a museóloga, referindo-se ao tema proposto para a celebração da efeméride este ano.

A presidente do ICOM descreve ainda “a secundarização crónica a que os museus vêm sendo condenados - avassalados com a míngua de recursos humanos, preocupados quer com as condições de conservação e a necessidade de investigação das suas colecções, quer com o modo como comunicam com as comunidades”.

No documento, Maria de Jesus Monge sustenta que “os museus são uma mais-valia e preciosos aliados no diálogo com as comunidades e na preservação das suas memórias, na transformação das mentalidades e das sociedades, na promoção da democracia e da cidadania e na defesa de valores fundamentais como a liberdade, a igualdade e a fraternidade”.

No entanto, face a “tempos de incertezas e perplexidades”, a museóloga questiona: “Perante o imprevisto que caracteriza o nosso quotidiano, que lugar para os museus? As notícias que chegam mostram a importância do património cultural e a necessidade de o preservar para as gerações futuras.”

“Os museus convocam memórias, promovem aprendizagens, proporcionam sensações, potenciam experiências”, acrescenta, ainda, a também directora do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança, voltando ao tema escolhido este ano para as celebrações - “O Poder dos Museus” - que, a seu ver, “reside na capacidade de garantir espaços inclusivos, de diálogo e promoção de cidadania activa, mas também espaços de bem-estar e deleite”.

Maria de Jesus Monge refere ainda que, na data de hoje, profissionais de museus de todo o mundo “procuram mostrar o que de melhor e mais apelativo podem proporcionar aos seus públicos”, num dia de festa e celebração, “montra do que vem sendo realizado e semente de outras iniciativas”.

Por outro lado, a presidente do ICOM-Portugal menciona a situação difícil dos profissionais do sector na Ucrânia e na Polónia, a quem se associa hoje através dos comités nacionais do ICOM desses países, numa iniciativa online conjunta com o ICOM Europa, para conhecer melhor a realidade vivida nestes países e perceber como poderão ser úteis.

Este ano, o tema proposto pelo ICOM, promotor do evento a nível mundial, visa demonstrar o efeito positivo destes espaços culturais num mundo em mudança, quando o impacto económico, político e social da guerra na Ucrânia se junta aos efeitos da pandemia da covid-19.

Em Portugal, dezenas de entidades e concelhos do continente e arquipélagos dos Açores e da Madeira respondem anualmente ao repto da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), para que os museus nacionais e da rede portuguesa criem programações especiais para estas datas (dia e noite dos museus), que passaram a ter uma oferta presencial e online.

Visitas guiadas a exposições e às reservas de alguns museus, espectáculos de teatro, dança, circo e música, oficinas e palestras, entre outras iniciativas, na maioria gratuitas, para todos os públicos, compõem um programa geral que soma centenas de actividades em todo o país.

As actividades inscritas para o Dia Internacional dos Museus podem ser consultadas na página da DGPC na Internet.

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