Festival da Eurovisão: até para o ano em Mariupol

Ao vencer a edição de 2022 do festival, a Ucrânia ganhou o direito a organizar o evento no próximo ano e Zelensky já diz que espera realizá-lo em Mariupol.

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A Kalush Orchestra ganhou por causa do voto popular YARA NARDI/Reuters

O Presidente ucraniano espera que o Festival da Eurovisão 2023 se realize na cidade mártir de Mariupol, nas margens do Mar de Azov, e que tem sido o símbolo de duas coisas na guerra que começou a 24 de Fevereiro: da estóica resistência ucraniana e da incapacidade russa para conseguir os seus objectivos de forma rápida por mais que recorram ao bombardeamento discriminado de toda uma cidade.

“A nossa coragem impressiona o mundo, a nossa música conquista a Europa”, escreveu Volodymyr Zelensky na sua conta de Instagram. “No ano que vem, a Ucrânia será a sede da Eurovisão pela terceira vez na sua história. E acredito que não será a última”, acrescentou o Presidente ucraniano na sua mensagem de comemoração pela vitória da Kalush Orchestra na noite de sábado, madrugada em Kiev.

“Faremos tudo para receber algum dia os participantes e convidados e que o festival se realize na ucraniana Mariupol”, escreveu o chefe de Estado, sobre a cidade que, nestes quase três meses de invasão da Ucrânia pelas forças russas, passou de quase desconhecida além-fronteira da Ucrânia para estar nas bocas de todo o mundo, exemplo da capacidade de resistência dos soldados ucranianos e do desespero da população civis.

Desde sempre que o país vencedor da Festival da Canção da Eurovisão é convidado para organizar o evento do ano seguinte, uma tradição que se tem mantido com raras excepções desde então – normalmente porque o mesmo país não quer organizar o festival dois anos seguidos, embora a Irlanda o tenha organizado três vezes seguidas. A última vez que não foi assim aconteceu em 1980, quando se realizou nos Países Baixos apesar de o vencedor de 1979 ter sido Israel, porque era a segunda vitória consecutiva dos israelitas.

Nas duas vezes que realizou o certame, em 2005 e 2017, a Ucrânia escolheu Kiev para cidade anfitriã. Desta vez, no meio de uma guerra, Zelensky não deixou escapar a oportunidade de lhe emprestar uma carga mais simbólica, ao falar em Mariupol como a escolhida.

No ano mais político de um festival de canções europeu que ganhou nova vida no alargamento a Leste depois da queda da União Soviética, os líderes políticos europeus apressaram-se a dar os seus parabéns à Ucrânia, como se tratasse de mais uma vitória sobre a Rússia nesta guerra que está a travar desde 24 de Fevereiro.

“Estamos a celebrar a vossa vitória em todo o mundo. A UE está com vocês”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pouco tempo depois da consagração de Stefania, da Kalush Orchestra. “Esta noite a vossa canção está nos nossos corações”, garantiu a líder europeia.

Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, referiu-se ao futuro na sua mensagem de felicitações pela Vitória, também no Twitter: “A desejar que a próxima Eurovisão possa ser recebida em Kiev, numa Ucrânia livre e unida”.

A Ucrânia ganhou a Eurovisão, sobretudo, por acção do voto popular, já que no final da votação dos júris dos 40 países estava em quarto lugar, a 91 pontos do Reino Unido que comandava e parecia a caminho da vitória. Foram os 439 pontos da votação das pessoas nos 40 países da Eurovisão que lhe deram a liderança por uma margem folgada para Sam Ryder e a sua canção Space Man.

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