Porto: BE quer menos vias para carros nas avenidas atlânticas Montevideu e Brasil

Auscultação pública para reversão das Avenidas Atlânticas está concluída e propostas defendidas pelos bloquistas foram também as mais votadas pelos portuenses.

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Na Avenida do Brasil, até 2019, a ciclovia estava marcada em cima do passeio marítimo Paulo Pimenta/ Arquivo

O Bloco de Esquerda defende que as propostas que “melhor servem” o propósito das Avenidas Atlânticas, no Porto, são as que pressupõem a diminuição do número de vias de circulação automóvel e mantêm a ciclovia no canal viário.

Num ofício de tomada de posição, a que a Lusa teve acesso, o BE salienta que “a proposta C, em particular a sua variante C1”, é a que “melhor serve” os objectivos da reversão da obra das Avenidas Atlânticas (avenidas Montevideu e Brasil, na Foz).

A proposta C pressupõe que, em vez de quatro, passem a ser três as vias de circulação automóvel, uma no sentido Sul-Norte e duas no sentido norte-sul. O canal viário existente contará ainda com uma ciclovia, que terá uma floreira como “segurança” relativamente aos automóveis.

Já a proposta C1 é uma “variante” da anterior e propõe que também se mantenha a largura total do canal viário existente, mas que se assuma apenas uma via em cada sentido para a circulação automóvel e a faixa central sirva para “viragens a nascente”.

A solução aponta como “oportunidade” a faixa central para qualificar o ambiente urbano das avenidas, com a introdução de “floreiras com arborização” e “pintura do pavimento”.

Para o partido, as propostas C e C1 são as únicas que permitem “dotar a ciclovia das necessárias condições de segurança para a circulação em bicicleta”, sem que tal seja obtido “à custa do espaço pedonal”.

As propostas permitem ainda “operar uma redistribuição do espaço público afecto à circulação automóvel em favor da circulação pedonal e dos modos suaves”, considera o BE, lembrando que esse é também um dos objectivos do Plano Director Municipal (PDM) do Porto.

“Pelos mesmos motivos, as propostas A e B não poderão ser aceites, uma vez que implicam uma redução muito significativa do espaço para peões, potenciando nalguns casos, situações de conflito com a utilização de outros modos suaves de deslocação”, refere, acrescentando que as propostas são as que “menores custos e tempo de intervenção” acarretam.

Menos velocidade, mais bicicletas

No documento, o BE sugere ainda que o município do Porto limite a velocidade naquelas avenidas a um máximo de 30 quilómetros por hora e pondere a elevação das passadeiras. Ao mesmo tempo, o partido diz ser “urgente” a concretização da rede de ciclovias e percursos cicláveis “anunciada pelo município em Maio de 2020”, bem como a melhoria das condições de segurança existentes.

Para o BE devem ainda ser consideradas outras sugestões recebidas durante o período de auscultação pública, tais como, a colocação de novos bicicletários, a construção de um parque de recreio para cães, a adaptação das paragens de autocarro para formato em ilha e retomar-se a experiência de condicionamento do trânsito nas Avenidas Atlânticas aos fins-de-semana.

O relatório que agrega os resultados da auscultação pública da reversão das Avenidas Atlânticas, a que a Lusa teve acesso a 3 de Maio, refere que foram 943 as participações válidas, sendo a maioria (82%) de habitantes da cidade do Porto. Das 943 pessoas e entidades que participaram na auscultação pública, 45% mostraram preferência pelas propostas C (15%) e C1 (30%), isto é, as soluções que pressupõem a diminuição do número de vias de circulação automóvel e a permanência da ciclovia no canal viário.

Por sua vez, 31% das participações indicaram preferir a solução A, que mantém as quatro vias de circulação automóvel, o estacionamento longitudinal e a ciclovia, aumentando de forma generalizada a largura tanto da faixa de rodagem automóvel, como ciclável. Com esta solução, há uma redução do passeio marítimo em 2,50 metros, sendo que a mesma obriga ainda à deslocação das infra-estruturas existentes, tais como paragens de autocarros, iluminação e múpis.

A proposta B, solução que também mantém a largura do canal viário existente, foi seleccionada por 24% dos participantes. Nesta solução, a ciclovia passa para o passeio marítimo e a “segurança” entre os ciclistas e peões é feita através de bancos e floreiras “colocadas pontualmente”. Também nesta solução há uma redução do passeio marítimo em 2,50 metros e a obrigação de deslocar as infra-estruturas.

O relatório com os resultados da auscultação pública foi analisado esta terça-feira e discutido pelo executivo da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. A reversão das Avenidas Atlânticas foi uma das medidas propostas pelo PSD no âmbito do acordo de governação estabelecido com o movimento independente liderado por Rui Moreira.

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