Telescópio James Webb supera expectativas antes de entrada em funcionamento em Julho

Avaliado em cerca de 8800 milhões de euros, o telescópio foi lançado a 25 de Dezembro de 2021 e tem estado em calibrações desde então.

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Ilustração do telescópio James Webb Adriana Manrique Gutierrez/NASA

O telescópio espacial James Webb está a “superar todas as expectativas” enquanto entra na recta final de preparação, revelou esta terça-feira a NASA, que espera utilizar este observatório espacial para operações científicas a partir de meados de Julho.

Lançado em Dezembro, o James Webb passou quase todas as fases de calibração, permitindo captar “as imagens mais nítidas” que um telescópio já produziu, destacou Michael McElwain, um dos cientistas da agência espacial norte-americana NASA responsável pelo projecto, em declarações aos jornalistas.

O James Webb é operado em conjunto pela NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadiana (CSA).

Michael McElwain explicou que há ainda uma série de operações que a equipa deve seguir antes de utilizar o telescópio para captar imagens cientificamente úteis, tal como a activação dos diferentes modos de medição que irá usar.

As imagens já produzidas foram feitas com o objectivo de calibrar os instrumentos e estas apresentam uma enorme diferença de nitidez em comparação com as do Spitzer, um telescópio infravermelhos que será substituído.

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Comparação de imagens captadas pelos telescópios Spitzer e James Webb NASA/JPL-Caltech (esquerda), NASA/ESA/CSA/STScI (direita)

Graças à sua grande sensibilidade, o James Webb poderá observar a luz das galáxias apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang, o que dará uma ideia da formação do Universo. “Irá transformar a visão que temos do nosso Universo local”, referiu Christopher Evans, cientista da ESA responsável pelo projecto.

Em meados de Julho, o James Webb deverá fazer uma série de imagens de objectos físicos para demonstrar as suas capacidades de mediação científica, visto que, até agora, o telescópio apenas teve como alvo aglomerados de estrelas em locais bem estudados, como a Grande Nuvem de Magalhães, para testar a calibração dos seus instrumentos.

As imagens serão a cores, visto que a equipa utilizará um processo para transformar dados de infravermelhos para cores visíveis pelos humanos, o que tornará as imagens comparáveis às do famoso telescópio Hubble.

Este observatório espacial, avaliado em cerca de 10.000 milhões de dólares (cerca de 8800 milhões de euros) foi lançado a 25 de Dezembro e o espelho, banhado a ouro, é o maior já lançado para o espaço.

O novo telescópio, que começou a ser desenvolvido há mais de 30 anos, teve o envio para o espaço sucessivamente adiado, ano após ano.

Engenheiros do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade estão envolvidos na segurança das operações de lançamento e a astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos instrumentos do James Webb.

Os astrónomos esperam com o telescópio, que deve o seu nome a um antigo dirigente da NASA, obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas.

O James Webb permitirá captar a luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13.500 milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do Big Bang é 13.800 milhões de anos).

O novo telescópio é apontado como o sucessor do Hubble, em órbita há 31 anos, a 570 quilómetros da Terra. Dada a distância a que estará da Terra, o James Webb não poderá ser reparado em órbita, ao contrário do Hubble, pelo que a sua “esperança de vida” é curta, de cinco a dez anos.

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