Central solar flutuante do Alqueva está pronta a funcionar

Situada na albufeira do Alqueva, a nova central fotovoltaica, que é a maior existente numa barragem hidroeléctrica na Europa, conta com 12.000 painéis solares e vai começar a funcionar em Julho.

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O novo parque solar no Alqueva tem uma área equivalente a quatro campos de futebol Miguel Pereira/Reuters

No meio da albufeira do Alqueva, no Alentejo, dois rebocadores transportaram um complexo de 12.000 painéis solares flutuantes, do tamanho de quatro campos de futebol, até o lugar onde ficaram ancorados. Os painéis vão começar a funcionar em Julho, tornando-se a maior central fotovoltaica flutuante da Europa colocada numa barragem hidroeléctrica.

O parque foi construído pela EDP, e faz parte de um plano nacional da empresa para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis importados, cujos preços aumentaram desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de Fevereiro deste ano. Apesar de Portugal usar pouco combustível vindo da Rússia, as centrais a gás do país sentiram o aumento dos preços.

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O parque solar colocado na albufeira do Alqueva faz parte de uma aposta da EDP de ter 100% de energia renovável instalada em 2030 Pedro Nunes/Reuters

O novo parque solar tem uma capacidade instalada de cinco megawatts (MW), custando um terço da electricidade produzida numa central a gás, segundo Miguel Patena, director de Inovação da EDP e responsável pelo projecto. Os painéis solares da albufeira irão produzir 7,5 gigawatt-hora (GWh) de electricidade durante um ano, e irão ser complementados por baterias de lítio capazes de armazenar dois GWh.

A central solar vai fornecer energia a 1500 famílias, o que equivale a um terço das necessidades de Moura e Portel, duas povoações vizinhas da albufeira.

“Este projecto é a maior central solar flutuante numa barragem hidroeléctrica na Europa, é uma meta muito boa”, diz Miguel Patena.

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A central fotovoltaica irá produzir 7,5 gigawatts por hora de eletricidade ao fim de um ano Pedro Nunes/Reuters

Existem centrais fotovoltaicas colocadas em lagos ou no mar em vários lugares do mundo, desde a Califórnia até em lagoas industriais poluídas na China. Todos estes projectos fazem parte de um esforço de se cortar as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa.

Na Europa, existem centrais fotovoltaicas flutuantes maiores do que a que foi instalada no Alqueva, mas nenhuma numa barragem. Em 2016, foi instalada uma central voltaica no reservatório de água Rainha Isabel II, perto do Aeroporto de Heathrow, no Reino Unido. Este último equipamento conta com 23.046 painéis e tem uma capacidade instalada de 6,3 MW. Mais recentemente, em 2021, foi colocada uma central solar flutuante num lago artificial nos Países Baixos, perto da cidade de Zwolle, e que conta com 73.000 painéis solares, tendo uma capacidade instalada de 29,2 MW.

Os painéis solares flutuantes não necessitam de terrenos para ser instalados, o que tem um custo associado. Além disso, os painéis colocados em reservatórios usados para gerar energia eléctrica são particularmente eficazes em termos de custo, já que podem conectar-se com a rede eléctrica existente no local. O excesso de energia gerada em dias soalheiros pode ainda ser usado para bombear água de volta à albufeira, e usá-la depois para gerar electricidade em dias com nuvens ou à noite.

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Uma vista aérea do parque solar Miguel Pereira/Reuters

O projecto no Alqueva faz parte da estratégia da EDP de “se tornar 100% verde em 2030”, segundo Ana Paula Marques, membro do conselho de administração da EDP. Segundo a responsável, a guerra na Ucrânia mostrou a necessidade de acelerar a transição para as energias renováveis. Actualmente, a energia hidroeléctrica e outras energias renováveis são responsáveis por 78% dos 25,6 gigawatts de capacidade instalada da empresa.

Em 2017, a EDP tinha instalado o projecto-piloto de um parque solar flutuante de 840 painéis na barragem do Alto Rabagão, em Montalegre. Este foi o primeiro na Europa a testar como é que a energia solar e hidroeléctrica podem se complementar entre si.

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O parque solar vai começar a trabalhar em Julho Pedro Nunes/Reuters

A EDP tem já planos para expandir o projecto do Alqueva. Em Abril, assegurou o direito a construir um segundo parque solar flutuante com a capacidade instalada de 70 megawatts.

Correcção: A nova central solar flutuante da EDP não é a maior da Europa, como estava antes indicado no título da agência Reuters. É, no entanto, a maior construída numa barragem hidroeléctrica na Europa.

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