Soil to Soul, um festival a recordar-nos que “somos o que comemos”

Nos dias 14 e 15 no Alandroal, produtores biológicos e regenerativos juntam-se com chefs e músicos para celebrar uma alimentação mais saudável e sustentável, num festival trazido de Zurique pela Terramay.

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Anna e David de Brito, da Terramay, tiveram a ideia de trazer o Soil to Soul para Portugal Rui Gaudencio

Nasceu em Zurique e chega agora a Portugal – o festival Soil to Soul, que tem entrada gratuita e acontece no Castelo do Alandroal nos próximos dias 14 e 15, quer pôr-nos a olhar para o que comemos e para a forma como produzimos alimentos.

Agricultura regenerativa, produção biológica, saúde e estilos de vida, um trabalho que começa nos agricultores e que é continuado pelos chefs de cozinha, todos estes temas vão passar pelos dois dias de um encontro que junta gastronomia, música e a preocupação com o ambiente e os recursos naturais. Porque, como diz a frase que dá o mote ao festival, “somos o que comemos”.

A iniciativa parte do projecto Terramay, que aposta precisamente na agricultura regenerativa, cruzando-a com a oferta turística, e que se juntou à Câmara do Alandroal, conseguindo, em poucos meses, trazer para Portugal um conceito que tem vindo a crescer na Suíça. Conciliar a mentalidade suíça e a portuguesa foi um desafio, confessa Anna de Brito, do Terramay, mas, no final das contas, entre a disciplina de uns e a capacidade de improviso dos outros, tudo se articulou e o Soil to Soul está aí.

Uma das almas do projecto é o chef alentejano José Júlio Vintém, do Tombalobos em Portalegre, curador, juntamente com Paulo Amado (da Manja), da parte gastronómica e que, durante a apresentação do festival no espaço Manja, em Lisboa, e enquanto servia cozido de grão e coordenada o trabalho dos outros chefs, explicou à Fugas que a ideia será ter no Castelo do Alandroal vários produtores da região que se identifiquem com os princípios de uma agricultura sustentável e respeitadora da natureza.

Os produtos de projectos como o Absoluto, Cogumelos do Alentejo, Herdade do Freixo do Meio, Paisagindo Bio, Talho das Manas, Mestre João e Terramay, estarão à venda, mas, se alguém tiver dúvidas sobre a melhor forma de os cozinhar, pode pedir o conselho dos chefs – para além de Vintém, Vítor Adão (Plano, Lisboa), Marlene Vieira (Marlene e Zunzum, Lisboa), João Sá (Sála, Lisboa), Mateus Freire (Osso Bento, Lisboa), Filipe Rebocho, do Terramay, Jóssara Martins (Jossy’s, em Vila Real de Santo António) e Lídia Brás (Stamuntana, Vila Nova de Gaia) – que estarão a usá-los para fazer os pratos à venda no festival. Assim, quem tiver comprado cogumelos ou borrego ou peixe de rio e não saiba como os preparar, pode sempre inspirar-se com as receitas que os chefs partilharão.

Mas porque, acreditam os organizadores, é importante debater as questões ligadas à forma como nos alimentamos, estarão no Alandroal para alguns debates e apresentações, Paulo Amado, da Manja e Edições do Gosto, Mafalda Sena (Senas Saudáveis), Alfredo Sendim (Freixo do Meio), Cláudia Viegas (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa), João Valente (Monte Silveira Bio), Francisco Alves (Porcus Natura), David de Brito (Terramay), António Cordeiro (Quantic 9) e Tiago Pereira (A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria)

Além disso, haverá dois concertos, um em cada dia do festival, com a banda portuense Best Youth e com o músico português de pop analógica, Benjamin, assim como os Djs Pedro Ramos e Rai, que animarão estes dois dias “de viagem pela natureza e pela gastronomia”, como os descreve Anna de Brito.

O festival começa em ambos os dias a partir das 10h, com o mercado biológico a abrir logo, havendo depois demonstrações de cozinha e várias conversas ao longo da tarde, que culminará com os concertos, também gratuitos.

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