Canadá garante direito ao aborto às norte-americanas

O Governo canadiano assegura que as norte-americanas poderão fazer o procedimento no país caso o Supremo Tribunal dos EUA reverta a decisão “Roe vs Wade”.

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Manifestação em defesa do direito ao aborto em frente ao Supremo Tribunal dos EUA EPA/MICHAEL REYNOLDS

O Governo do Canadá vai abrir as portas às cidadãs dos EUA que queiram fazer uma interrupção voluntária da gravidez. A oferta canadiana surge dois dias depois da divulgação de um documento que revela que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos se prepara para reverter a decisão histórica de 1973, ano em que se aprovou o direito ao aborto nos EUA.

A ministra das Famílias do Canadá, Karina Gould, revelou a disposição do seu país em fornecer assistência a todas as mulheres que dela necessitam. “Sim, não vejo por que não ajudar estas mulheres. Vamos garantir que todas elas têm esse direito”, respondeu, durante uma entrevista na televisão pública CBC.

“Se se dirigirem ao nosso país e precisarem de acesso para tomarem decisões em relação ao seu corpo, é um serviço que prestamos”, acrescentou Gould, depois de o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também ter defendido, na passada terça-feira, o “direito de escolha das mulheres.”

As mulheres que não residem no Canadá têm, no entanto, de pagar para realizarem o aborto. Se nos Estados Unidos o quadro legal mudar, o Supremo Tribunal vai devolver a cada um dos 50 Estados o direito de legislar sobre a interrupção voluntária da gravidez, o que poderá aumentar as solicitações no país vizinho.

“Um dos pontos mais preocupantes é que há muitas canadianas que não vivem perto de grandes cidades no Canadá e muitas vezes recorrem a estes serviços nos Estados Unidos. Isto é uma possibilidade que me deixa extremamente preocupada com o que é que isto pode vir a significar tanto para as americanas como para as canadianas”, sublinhou Goud.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, condenou a lei que “prejudica significativamente o acesso das mulheres aos cuidados de saúde de que precisam, especialmente para as comunidades negras, ou indivíduos com baixos rendimentos”.

O debate sobre esta questão decorre da publicação de uma minuta sobre o posicionamento do Supremo Tribunal, que está a debater a possível anulação da decisão “Roe vs Wade” - caso judicial que remonta a 1973, em que ficou decidido que a Constituição passaria a proteger a liberdade de uma grávida de optar por fazer um aborto sem quaisquer restrições governamentais excessivas.

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