Novos empréstimos à habitação cresceram 32% em Março e taxa de juro ficou acima de 1%

Os bancos concederam 2451 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, mais cerca de 500 milhões de euros que em Fevereiro.

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Rui Gaudencio

O volume de crédito à habitação cresceu em Março de forma expressiva, para 1691 milhões de euros, mais 32,6% que em Fevereiro, ou mais 416 milhões de euros. Mas a maior surpresa relativamente aos dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) está na evolução da taxa de juro média, que aumentou de forma significativa, para 1,03%, contra o,87% em Fevereiro.

A taxa dos novos empréstimos aumentou para o valor mais alto desde Julho de 2020, bem acima do mínimo de 0,76% verificado em Fevereiro de 2021, reflectindo já a subida das taxas Euribor, em todos os prazos que servem de referência para o crédito à habitação. Uma evolução que se verifica de forma mais acentuada no prazo mais longo, a 12 meses, praticamente a única taxa que está a ser utilizada nos novos empréstimos.

A Euribor a 12 meses, em terreno positivo desde o passado dia 12 de Abril, atingiu esta quinta-feira o valor de 0,253%, mais 0,019 pontos do que na sessão anterior, um novo máximo desde Março de 2015 (contra o actual mínimo de sempre, de -0,518%, verificado em 20 de Dezembro de 2021).

Os dados divulgados pelo BdP mostram que o montante total emprestado aos particulares ascendeu a 2451 milhões de euros, mais cerca de 500 milhões de euros do que em Fevereiro.

Para a compra de casa, o novo crédito concedido às famílias corresponde a um máximo mensal desde Dezembro de 2007 e pode ser explicado, em boa parte, pela tentativa de evitar os novos limites à duração dos contratos para compra de casa, que entraram em vigor a 1 de Abril.

O limite da duração dos contratos passou a ser 37 anos para quem aceder ao crédito à habitação com idades entre os 30 e os 35 anos. Para quem tem mais de 35, o prazo encolheu e o novo patamar fixa-se nos 35 anos de crédito.

Os dados relativos à variação anual do stock do crédito à habitação no final de Março já mostravam um ritmo de crescimento que não se verificava desde Outubro de 2008, para 97,9 mil milhões de euros, mais 4,8% face ao mesmo mês de 2021.

O crescimento dos novos empréstimos verificou-se em todas as finalidades, com o crédito para consumo a ascender a 501 milhões de euros, acima dos 453 milhões do mês anterior, e para outros fins a chegar aos 259 milhões de euros, contra 212 milhões de euros de Fevereiro.

No crédito ao consumo, a taxa de juro média também aumentou, fixando-se em 7,81% (7,71% no mês de Fevereiro).

Os novos depósitos de particulares totalizaram em Março 4092 milhões de euros, um máximo desde Janeiro de 2020. Apesar da subida no crédito, a taxa de juro média dos novos depósitos manteve-se no mínimo histórico de 0,04%, valor que se repete pelo quinto mês consecutivo.

Do montante de novos depósitos constituídos, 85% foi aplicado em depósitos a prazo até um ano, também remunerados à taxa de juro média de 0,04%.

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