Cerca de 30 civis resgatados de Azovstal decidiram ficar em Mariupol

Os civis não esperavam encontrar a cidade tão destruída e antes de partirem rumo a Zaporizhzhia quiseram saber se os familiares ainda estão vivos. A coordenadora humanitária da ONU acredita que o sucesso da missão pode servir de trampolim para outras operações de retirada de civis.

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Alguns não estavam preparados para o grau de destruição da cidade e antes de partirem quiseram saber se os familiares ainda estão vivos EPA/ROMAN PILIPEY

A coordenadora da missão humanitária das Nações Unidas (ONU) na Ucrânia, Osnat Lubrani, anunciou que cerca de 30 pessoas retiradas do complexo de Azovstal, em Mariupol, decidiram permanecer na cidade ocupada pelas tropas russas.

De acordo com Lubrani, os civis não esperavam um tão grande grau de destruição da cidade e antes de partirem rumo a Zaporizhzhia quiseram saber se os familiares ainda estão vivos.

“Estas são pessoas que viveram e trabalharam em Mariupol e por isso foi difícil para elas simplesmente partir sem saber qual é o destino dos seus entes queridos”, afirmou durante uma conferência de imprensa virtual na cidade de Zaporizhzhia.

A coordenadora humanitária da ONU revelou ainda que o sucesso da operação de evacuação da cidade poderá servir de “trampolim para mais operações desse tipo” noutras regiões afectadas pelos bombardeamentos russos.

No já habitual discurso de final de noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também fez questão de assinalar a missão bem-sucedida. “Finalmente temos o resultado, o primeiro resultado da nossa operação de evacuação de Azovstal, em Mariupol, que temos vindo a organizar desde há muito tempo. Foi necessário um grande esforço, longas negociações e várias mediações”, afirmou, citado pelo Guardian.

Nas duas operações de evacuação – que decorreram no domingo e esta terça-feira – foram retirados 200 civis. Segundo o líder ucraniano, a grande maioria dos civis retirados eram mulheres e crianças – a mais pequena tinha apenas seis meses.

A ONU esclarece que ainda permanecem mais civis no complexo, mas não divulgou números concretos.

Alguns dos habitantes tiveram medo de abandonar a fábrica e os mais idosos não podem deslocar-se.

Lubrani garantiu que os cidadãos ucranianos que ainda permanecem no complexo industrial vão ter conhecimento da retirada segura para Zaporizhzhia e espera que apareçam mais interessados numa próxima operação. Na segunda-feira, um combatente ucraniano disse que alguns civis estavam em zonas do complexo a que não conseguiam aceder, por causa dos escombros dos bombardeamentos.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, espera que a Ucrânia e a Rússia possam organizar “mais pausas humanitárias” como a que ocorreu em Mariupol.

Com Lusa

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