Fusão e reorganização de unidades russas depois de “avanços fracassados” e “perdas colossais” na Ucrânia

Ministro da Defesa britânico refere que a Rússia mostra estar a corrigir questões estratégicas que reduziram o impacto da sua invasão.

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Civis passam por tanque russo destruído na região da frente ofensiva em Mariupol Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO

As tropas russas foram forçadas a fundir e redistribuir unidades face aos seus “avanços fracassados” no nordeste da Ucrânia, informou o Ministério da Defesa do Reino Unido, enquanto Kiev e Moscovo continuam a lidar com perdas importantes na linha de frente do conflito na região de Donbass.

“A Rússia espera corrigir algumas questões que antes restringiam a sua invasão, concentrando geograficamente o poder de combate, encurtando as linhas de abastecimento e simplificando o comando e controlo”, afirma um relatório da inteligência militar britânica divulgado no sábado e citado pelo Guardian.

“Foi, assim, forçada a fundir e redistribuir diferentes unidades esgotadas depois dos avanços fracassados ​​no nordeste da Ucrânia. Muitas dessas unidades é provável que estejam com o moral em baixo”, refere o documento.

Após a retirada russa das áreas a norte de Kiev, no início de Abril, que revelou a brutalidade das valas comuns, com centenas de cadáveres civis enterrados em bairros residenciais, há cerca de duas semanas, começou a tão esperada operação militar em larga escala no Donbass e a segunda fase da guerra, com as forças russas a tentarem garantir o controlo total da região para estabelecer um corredor terrestre com a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

De acordo com dados da agência de notícias Interfax, as unidades de artilharia russa realizaram um dos maiores ataques desde o início da invasão na noite passada, tendo atingido 389 alvos ucranianos, incluindo 35 pontos de controlo, 15 depósitos de armas e munições e várias áreas onde as tropas e equipamentos estavam concentrados. O comunicado, ainda não verificado de forma independente, acrescentou que mísseis russos também atingiram quatro depósitos de munições e combustível.

Embora reconhecendo as suas perdas no leste, Kiev alegou ter infligido aos russos perdas “colossais”. “Temos perdas importantes, mas as perdas dos russos são muito, muito maiores... Eles têm perdas colossais”, disse um assessor presidencial ucraniano, Oleksiy Arestovych.

De acordo com as estimativas ucranianas, a 30 de Abril, 23.200 soldados russos teriam alegadamente sido mortos. Além disso, 190 aviões russos teriam sido abatidos, mais de 1000 tanques destruídos, bem como oito navios de guerra, cerca de 1700 pequenos veículos, quase 2500 veículos blindados e 436 sistemas de artilharia.

Zelensky afirmou que os líderes militares russos estão cientes de que milhares de tropas poderão morrer e outros milhares poderão ser feridos nas próximas semanas. “Os comandantes russos estão a mentir aos seus soldados quando lhes dizem que podem esperar ser responsabilizados por se recusarem a lutar”, referiu.

“Não lhes dizem, por exemplo, que o exército russo está a preparar camiões frigoríficos adicionais para armazenar os corpos. Eles não lhes contam sobre as novas perdas que os generais esperam. Cada soldado russo pode ainda salvar a sua própria vida. É melhor sobreviver na Rússia do que morrer na nossa terra”, afirmou.

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