Menos nascimentos e mais mortes ditam agravamento do saldo natural negativo português em 2021

Houve um decréscimo de 5,9% nos nascimentos e um aumento de 1,2% nos óbitos.

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Ao longo de 2021, nasceram 79.582 crianças de mães residentes em Portugal Nelson Garrido

Os dados parciais já o faziam prever e as Estatísticas Vitais divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmaram-no: Portugal registou em 2021 um agravamento do saldo natural negativo. A causa está no decréscimo do número de nascimentos (-5,9%) e no aumento de número de óbitos (1,2%).

Foi o 13.º ano consecutivo com saldo natural negativo em Portugal.

Ao longo do ano passado, nasceram 79.582 crianças de mães residentes em Portugal, o que corresponde a menos 4948 bebés do que em 2020.

O INE ressalva que a partir de Março e até Novembro houve “uma recuperação nos nascimentos”, mas sem que alguma vez se chegasse aos valores dos meses homólogos do ano anterior. Só Dezembro, com o nascimento de 6900 bebés, foi melhor do que o mesmo mês do ano anterior, registando um aumento de 9,6% de nascimentos, mas este evento solitário não foi capaz de inverter um resultado global negativo neste campo. De todos os bebés nascidos de mães residentes no país, 60% são filhos de pais que não são casados, o que é mais um ligeiro aumento desta proporção, que se tem registado, pelo menos, desde 2012.

Na contabilização dos óbitos, a diferença para 2020 é menos acentuada, mas mesmo assim, com um um aumento de 1,2% das mortes registadas no ano passado, o saldo também continua a ser negativo. Em valores absolutos, houve 124.802 óbitos de residentes no território nacional, mais 1444 do que no ano anterior.

Neste campo, contudo, regista-se uma tendência de mudança mais vincada do que nos nascimentos: o INE refere que houve menos meses em que o número de óbitos foi superior ao mesmo mês do ano anterior, a começar logo com o mês de Janeiro. Em Fevereiro, “a mortalidade começou a diminuir” e, a partir daí, e com a excepção do mês de Agosto, “em todos os meses, o número de óbitos foi inferior ao observado em 2020”.

E olhando para os que morreram, o INE concluiu que “a maioria dos óbitos ocorreu em idades avançadas”, ou seja, 86,4% deles em pessoas com 65 anos ou mais e 60% em pessoas com 80 ou mais anos.

No extremo oposto, os óbitos em crianças com menos de um ano diminuíram (foram menos 14 do que em 2020, num total de 191), permitindo que a taxa de mortalidade infantil de 2,4 óbitos por mil nados-vivos se mantivesse, “igualando o valor mais baixo alguma vez registado em Portugal”, refere-se no documento.

Em jeito de resumo, escreve-se que “o aumento do número de óbitos, para o qual contribuiu a mortalidade por covid-19, assim como o decréscimo do número de nados-vivos, determinaram novamente um forte agravamento do saldo natural, de -38.828 em 2020 para -45.220 em 2021”. E esse saldo negativo verificou-se em todas as regiões do país, com o centro do país a apresentar o resultado mais acentuado.

Os dados mais animadores destas estatísticas são os que se prendem com os casamentos. Depois do forte travão imposto pela covid-19, houve um aumento de 53,7% dos casamentos no país (29.057 no total), fosse entre pessoas de sexos diferentes (a grande maioria) ou pessoas do mesmo sexo.

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