Preço do gás dispara depois de Rússia cortar fornecimento a Polónia e Bulgária

Os preços do gás chegaram a disparar mais de 20% esta manhã, depois de a Rússia ter respondido às sanções de que tem sido alvo com o corte de fornecimento deste combustível à Polónia e à Bulgária.

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Reuters/MAXIM SHEMETOV

A Gazprom interrompeu o fornecimento de gás à Bulgária e à Polónia, uma medida que será prolongada pela empresa estatal russa até que os dois países aceitem pagar pelo combustível em rublos, como exigido por Moscovo. A decisão está a ser vista pelos mercados como a resposta mais dura da Rússia às sanções impostas pelo Ocidente pela invasão da Ucrânia e os preços do gás natural já chegaram a disparar mais de 20% na manhã desta terça-feira.

“A Gazprom suspendeu por completo o fornecimento de gás à Bulgargaz (Bulgária) e à PGNiG (Polónia), devido à ausência de pagamentos em rublos”, anunciou a energética russa, num comunicado emitido na terça-feira, citado pela Reuters.

Na base desta decisão está a exigência feita pela Rússia no mês passado, quando Vladimir Putin anunciou que o pagamento de gás natural exportado para um conjunto de 48 países classificados como “hostis” (incluindo todos os Estados-membros da União Europeia e os Estados Unidos) deveria ser feito em rublos e não em euros ou em dólares. Na altura, o Presidente russo avisou que o não cumprimento desta exigência seria entendido como uma “quebra contratual” por parte dos compradores, “com todas as consequências que isso acarreta”.

As primeiras consequências chegam agora e a Rússia avisa que mais poderão vir a caminho. No comunicado emitido, a Gazprom informa que o transporte de gás via Polónia e Bulgária (dois países onde se encontram gasodutos que fornecem a Alemanha, a Hungria e a Sérvia) também será cortado se o combustível for transportado “ilegalmente”. E reforça: “Os pagamentos pelo gás fornecido desde 1 de Abril têm de ser feitos em rublos, usando os novos detalhes de pagamento, sobre os quais os compradores foram informados atempadamente.”

Os dois países alvo desta medida, por seu lado, mantêm que não irão fazer pagamentos em rublos e acusam a Gazprom de violar os contratos em vigor. “Uma vez que todas as obrigações legais e comerciais estão a ser cumpridas, é evidente que, neste momento, o gás natural está a ser usado como uma arma económica e política na guerra actual”, declarou o ministro da Energia da Bulgária, Alexander Nikolov, citado pela Reuters. Já a Polónia mantém a intenção de não renovar o contrato estabelecido com a Gazprom, que expira no final deste ano.

Preço do gás dispara

Na sequência da decisão da Gazprom, os preços do gás natural, segundo combustível mais utilizado na União Europeia e que tem na Rússia o maior exportador, estão a registar fortes subidas nos mercados internacionais.

Na manhã de terça-feira, os contratos futuros de gás natural para entrega em Maio, negociados no mercado holandês e que servem de referência para a Europa, chegaram a valorizar 24%, fixando-se em 125 euros por megawatt hora.

Entretanto, as subidas aliviaram e, por esta altura, o gás natural negoceia nos 109,74 euros por megawatt hora, uma valorização em torno de 6%.

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