Elísio Summavielle vai continuar à frente do Centro Cultural de Belém

Presidente da administração tinha anunciado que sairia finda a segunda comissão de serviço à frente da instituição, mas acabou por voltar atrás a pedido do novo ministro da Cultura. Terceiro mandato começa já a 26 de Abril.

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Elísio Summavielle começa terça-feira novo mandato à frente do CCB Rui Gaudencio

Afinal, Elísio Summavielle já não vai deixar a presidência do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. Há já muito que o antigo secretário de Estado da Cultura fizera saber aos funcionários e aos jornalistas que sairia depois de terminado o segundo mandato à frente da instituição, mas agora voltou atrás.

A notícia, confirmada pelo PÚBLICO junto do gabinete do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, foi avançada na manhã desta sexta-feira pela Rádio Renascença, que garante que Summavielle só aceitou permanecer no cargo por mais três anos porque o governante lhe pediu que ficasse.

Para o conselho de administração da casa, em que se mantém Delfim Sardo, entra agora Madalena Reis, que até aqui era a directora de Marketing e Desenvolvimento da casa. Vai substituir Isabel Cordeiro, que no final de Março assumiu funções como secretária de Estado da Cultura.

“Optei por uma solução de continuidade e por uma solução interna [para completar o conselho de administração]”, disse ao PÚBLICO Adão e Silva, à margem da inauguração do pavilhão de Portugal na Bienal de Artes de Veneza. O ministro da Cultura adiou para mais tarde qualquer comentário sobre as razões que o levaram a escolher a “continuidade” em detrimento de uma renovação na presidência de uma das mais importantes instituições culturais do país.

A segunda comissão de serviço de Summavielle à frente do CCB terminou oficialmente a 15 de Março e desde então que se aguardava a nomeação de um novo presidente. A administração agora renovada entra em funções já na próxima terça-feira.

Elísio Summavielle permanece, assim, no seu gabinete com vista para a Praça do Império e mantém também dois dossiers complicados em mãos: o da Colecção Berardo e o da construção dos módulos 4 e 5 do CCB, previstos desde a sua fundação e eternamente adiados.

Quanto à colecção, Summavielle é dela fiel depositário por inerência de funções depois de as obras de arte que a constituem terem sido arrestadas pelo Estado no âmbito de um processo judicial que envolve o seu proprietário, o empresário madeirense Joe Berardo. Summavielle é responsável pela integridade e pela fruição pública do acervo no museu instalado no CCB ao abrigo de um acordo entre o Estado e o coleccionador, que chega ao fim no final de Junho.

Quanto aos módulos 4 e 5, onde deverão nascer um hotel de luxo e galerias comerciais, a situação pode complicar-se dada a actual conjuntura económica, ditada pela guerra na Ucrânia.

Com tudo preparado para avançar depois de um processo de legalização dos terrenos que durou três anos, o projecto sofreu um sério revés com a pandemia de covid-19, quando o consórcio que ganhou o concurso público internacional para a construção desistiu, em Setembro de 2021. De acordo com a Renascença, avançou-se, então, para a solução de “ajuste directo”.

Em Julho do ano passado, Summavielle disse em entrevista ao Jornal de Mafra que, em cenário de retoma, esperava voltar a pôr a construção dos dois módulos em cima da mesa, prevendo o início dos trabalhos para o final de 2023 ou para o início de 2024. Face à presente crise, é provável que este calendário sofra agora alterações. com Isabel Salema

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