PCP diz que referência de Zelensky ao 25 de Abril é “um insulto”

“A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra. É um insulto esta declaração”, reagiu a líder parlamentar comunista.

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Paula Santos, líder parlamentar do PCP António Cotrim/Lusa

O PCP considerou esta quinta-feira que a referência que o Presidente da Ucrânia fez ao 25 de Abril durante a sua intervenção, por videoconferência, na Assembleia da República, “é um insulto” à Revolução dos Cravos.

Veja o discurso de Volodimir Zelenskii na íntegra

“A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra. É um insulto esta declaração [de Volodymyr Zelensky] que faz referência ao 25 de Abril. O 25 de Abril em Portugal foi para libertar e contribuiu para a libertação dos antifascistas. Na Ucrânia estão a ser presos”, argumentou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, nos Passos Perdidos do parlamento.

Durante a sua intervenção na Assembleia da República, o Presidente da Ucrânia fez uma referência ao 25 de Abril de 1974, cujo 48.º aniversário vai comemorar-se na próxima segunda-feira.

Zelensky disse que a Ucrânia está a enfrentar a “ditadura da Rússia” e que os portugueses “sabem perfeitamente” aquilo que a os ucranianos estão a viver.

Questionada pelos jornalistas sobre se receia que a posição do PCP prejudique o partido aos olhos do eleitorado, Paula Santos salientou que “esmagadora maioria do povo português está a favor da paz”, o que é também defendido pelo partido.

A ausência do PCP na sessão solene com Zelensky foi também lamentada pelo líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto. “Não é a primeira vez que o PCP faz isto, defende regimes opressores”, disse, lembrando que o PS aceitou o apoio do PCP para os anteriores governos.

Também André Ventura, líder do Chega, considerou que a ausência dos deputados comunistas foi uma “indignidade”, e o deputado único do Livre lembrou que Zelensky “é um presidente legitimamente eleito”. A deputada do PAN, Inês Sousa Real, também lamentou que “nem todas as forças políticas tenham estado presentes” no momento em que o Presidente ucraniano tenha evocado o 25 de Abril.

Nas reacções ao discurso, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, deixou uma farpa aos deputados do PCP: “No PS, nunca confundimos o agressor com o agredido”, disse nas declarações aos jornalistas.

Com um laço azul e amarelo na lapela, como muitos outros deputados, Eurico Brilhante Dias apontou o “simbolismo” desta sessão ter acontecido quatro dias antes das comemorações do 25 de Abril, afirmando que o Parlamento está “ao lado de quem luta pela sua vida, pela liberdade e pela democracia”.

Questionado sobre que apoio Portugal pode dar mais à Ucrânia, o dirigente socialista defendeu que, além de “continuar a dar apoio aos refugiados que tem dado”, pode também, no quadro da UE “continuar a apoiar as sanções ao sector financeiro e energético” à Federação Russa.

Sem representação no Parlamento desde 30 de Janeiro, o CDS fez-se representar nas galerias pelo eurodeputado e líder do partido. Nuno Melo assinalou a ausência, por opção, dos deputados do PCP na sessão. “Em compensação o CDS não elegeu deputados mas estamos aqui”, disse aos jornalistas. “Fizemos questão de estar aqui hoje porque esta é a casa da democracia. O que esteve aqui em causa: a defesa das democracias ou ficar ao lado das ditaduras. Nunca o CDS poderia deixar de aparecer. Pela democracia e pela liberdade”, afirmou.

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