Morreu o pianista romeno Radu Lupu

Tinha 76 anos e debatia-se com várias doenças há alguns anos.

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Compositor e pianista num recital em Hanover, em 2012 reinhold maller/wikicommons

Radu Lupu, pianista reputado pela forma como tocava Beethoven, Brahms, Schubert, Bartók ou Mozart, entre muitos outros, morreu este domingo na sua casa em Lausanne, na Suíça. Tinha 76 anos e sofria de várias doenças prolongadas que em 2019 o forçaram a retirar-se dos palcos, onde actuou com as mais importantes orquestras do mundo. Dos discos tinha-se reformado a meio dos anos 1990, depois de várias gravações para a Decca e outras editoras, bem como colaborações com nomes como o maestro e pianista israelo-palestiniano​ Daniel Barenboim, o pianista Murray Perahia ou a soprano Barbara Hendricks.

Era um dos mais bem-amados pianistas mundiais. Em 2016, Augusto M. Seabra, crítico do PÚBLICO, chamava-lhe nestas páginas "um intérprete de génio". Passou várias vezes por Portugal, a última das quais em Maio de 2018, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para tocar Schubert.

Intérprete (quase) recluso

Natural de Galati, na Roménia, onde nasceu a 30 de Novembro de 1945, começou a tocar aos seis anos, tendo subido a um palco para se apresentar em público pela primeira vez aos 12. Na altura, interpretou apenas composições suas, já que, dizia numa rara entrevista em 1970, se considerava mais um compositor do que um intérprete. Deixou de compor passados quatro anos, sentindo que era melhor pianista do que alguma vez tinha sido a escrever música.

Passou pelo Conservatório de Bucareste e, no início dos anos 1960, esteve sete anos em Moscovo a estudar no Conservatório. Aprendeu com Florica Musicescu e Heinrich Neuhaus. Ganhou o Concurso Van Cliburn, no Texas, em 1966, o Concurso George Enescu, em Bucareste, em 1967, e o Concurso de Piano de Leeds em 1969, algo que o ajudou a lançar a carreira internacional. Estreou-se a solo em Londres pouco depois.

Começou a gravar para a Decca em 1970. Além dos já mencionados Beethoven, Brahms, Schubert ou Mozart, gravou, a solo e ao vivo com orquestras, também Grieg, Schumann, Debussy, Franck. Ao vivo, também se atirou a Enescu, Janáček ou Bartók.

Rejeitou a maioria das entrevistas que lhe pediram, tendo dado muito poucas ao longo da sua carreira, o que ajudou a que fosse visto como um recluso. Também era dado a recusar que os seus concertos fossem transmitidos na rádio.

Em 1996, ganhou um Grammy pela Melhor Interpretação Solo Instrumental (sem orquestra) pelas sonatas de piano de Schubert: a Sonata em Si-bemol maior (D. 960) e a Sonata em Lá maior (D. 664). Tinha sido nomeado também esse ano por um álbum de Schumann. Em 1989 e 2006, ganhou o prémio Abbiati, da Associação de Críticos Italianos. Em 2006, foi condecorado Comendador da Ordem do Império Britânico.

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