Justiça brasileira e Whatsapp chegam a acordo para travar circulação de notícias falsas até às presidenciais

O Tribunal Superior Eleitoral e a rede social querem adiar, até depois das eleições de Outubro, o desenvolvimento de uma nova funcionalidade que poderá facilitar a propagação de desinformação. Bolsonaro fala numa decisão “inadmissível e inaceitável”.

Foto
A decisão visa travar a informação falsa até às eleições presidenciais marcadas para Outubro deste ano Reuters/ADRIANO MACHADO

O Tribunal Superior Eleitoral do Brasil (TSE) e o WhatsApp chegaram a um acordo para combater a desinformação com uma decisão que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, classificou como “inaceitável”.

A aplicação de mensagens anunciou, na passada quinta-feira, um novo recurso designado de “Comunidades”, ferramenta que permitiria conectar diversos administradores de grupos, ampliando o alcance das suas mensagens. Contudo, este recurso poderia vir a facilitar a circulação de notícias falsas, segundo noticiou o jornal O Globo.

Deste modo, o Whatsapp prometeu, na passada sexta-feira, em conjunto com o TSE, não lançar esta funcionalidade no Brasil antes da segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, agendadas para Outubro. A aplicação, que foi considerada um dos principais canais de desinformação nas eleições de 2018, não prometeu, contudo, adiar a nova ferramenta para além desta data, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

O Presidente brasileiro, provável candidato em Outubro, criticou o acordo entre a aplicação de mensagens e a Justiça brasileira, catalogando-o de “inadmissível e inaceitável”.

“O Whatsapp está a abrir uma excepção no seu trabalho para o Brasil, e isso é inadmissível e inaceitável”, disse Bolsonaro, num discurso para os seus apoiantes no município de Americana, no estado de São Paulo.

“Censura e discriminação não devem existir. Ninguém tira os vossos direitos, nem por lei, muito menos por acordo. Por isso, este acordo é inválido”, assegurou, repetindo que todos devem “jogar dentro das quatro linhas” da Constituição.

“O Brasil continuará livre, custe o que custar”, afiançou o Presidente brasileiro.

Este não foi o único acordo que o TSE brasileiro propôs a uma rede social. A 24 de Março, o representante do Telegram no Brasil, Alan Thomaz, reuniu-se com técnicos do órgão judiciário para cooperar contra a desinformação no âmbito das eleições.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários