O livro das “Três Marias” que desafiou o regime vive agora no palco

Há 50 anos, as Novas Cartas Portuguesas revolucionaram a literatura e o feminismo em Portugal. Chegam agora ao teatro, num espectáculo em que Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu abordam a obra e o julgamento de um livro que ficou demasiado esquecido. Ainda Marianas estreia-se no D. Maria II, de 21 de Abril a 8 de Maio.

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Filipe Ferreira

Contavam-se alguns dias sobre o 25 de Abril e, em consequência, alguns dias sobre o desfecho tantas vezes adiado do julgamento em que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa eram acusadas de ter escrito nas suas Novas Cartas Portuguesas um livro “pornográfico e atentatório da moral pública”. Na audiência final, acontecida apenas após a deposição do regime, o juiz havia de decidir pela absolvição e decretar que o tomo “não é pornográfico nem é imoral”, saudando-o, afinal, enquanto “obra de arte, de elevado nível, na sequência de outras obras de arte que as autoras já produziram”. Logo após o termo de um processo que desencadeara manifestações por todo o mundo em defesa das autoras e uma considerável pressão política sobre o governo de Marcello Caetano para que um livro — passados 125 anos sobre o julgamento de Gustave Flaubert pela publicação de Madame Bovary — não viesse a resultar numa condenação judicial, expondo Portugal ao ridículo perante o mundo e reforçando a imagem de país retrógrado com que era olhado, Fialho Gouveia entrevistava as “Três Marias” para a RTP.

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