Polícia Judiciária acredita que morte de estudante em Leiria foi acidental

Jovem de 18 anos terá ido contra uma janela em casa, vidro ter-se-á partido e espetado junto a uma axila cortando-lhe uma importante artéria.

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A Polícia Judiciária foi chamada para perceber se poderia tratar-se de um caso de homicídio PAULO PIMENTA

A Polícia Judiciária acredita que a morte de um jovem de 18 anos, caloiro do Instituto Politécnico de Leiria, esta quinta-feira, terá sido acidental. Segundo apurou o PÚBLICO, depois de realizado um vasto número de diligências, incluindo a autópsia, não haverá qualquer indício de crime neste caso.

Tudo indica que o jovem, oriundo do distrito da Guarda e a estudar em Leiria, onde vivia numa casa com outros dois estudantes, terá embatido acidentalmente contra a janela do seu quarto, partindo o vidro e espetando duas partes do mesmo junto a uma axila. O problema é que uma das feridas foi profunda e cortou uma importante artéria do corpo, fazendo com que o estudante perdesse rapidamente muito sangue.

Quando ouviram o barulho, os colegas, que estavam em casa, foram socorrer o amigo, tendo-o encontrado no chão coberto de sangue. De imediato ligaram para o 112. Foi accionada uma ambulância, que não terá demorado muito a chegar, mas pouco havia já a fazer.

Um telefonema “de um particular” ocorrido pelas 23h de quinta-feira para o Comando Distrital da PSP de Leiria, dava conta de que tinha morrido um jovem no Hospital de Santo André, lançando algumas suspeitas sobre o sucedido.

“Os polícias de serviço deslocaram-se ao local e contactaram o pessoal médico que assistiu o jovem, infelizmente falecido, apurando que o mesmo tinha 18 anos, que deu entrada no Hospital de Santo André, ontem [esta quinta-feira], pelas 19h30, em paragem cardiorrespiratória”, referia a PSP em comunicado. A nota dava ainda conta de que a chamada para o 112 tinha sido feita pelas 19h11, “comunicando a necessidade de accionamento de assistência médica para um jovem, que alegadamente tinha sofrido um acidente doméstico”.

Das diligências que realizou, a PSP descobriu que o jovem apresentava lesões torácicas que poderiam estar relacionadas com a causa da morte. O gabinete de imprensa do Centro Hospitalar de Leiria acrescentou, mais tarde, que o jovem entrou no serviço de urgência “em manobras de reanimação, com um quadro de choque hemorrágico e apresentava duas feridas na região axilar”. O óbito, precisava-se, “foi declarado pelas 20h”.

A PSP tentou então perceber o que se tinha passado, mas, diz, “por não estarem claras as causas da morte, contactou o órgão de polícia criminal que detém a competência para investigar os factos em questão”.

A Polícia Judiciária entrou então em campo, tendo começado a fazer diligências ainda durante a madrugada. A autópsia ao corpo foi realizada esta sexta-feira, mas a avaliação preliminar não terá encontrado indícios de crime. Mesmo assim, a Judiciária continuará a ouvir pessoas e aguardará pelo relatório final da autópsia que poderá demorar meses, como é habitual.

O Politécnico de Leiria lamentou logo de manhã, em comunicado, a morte do estudante, adiantando que a informação de que dispunha sobre o sucedido ainda era “muito escassa” e que se encontrava “a acompanhar de perto esta situação'’. E acrescenta: “O sucedido no apartamento particular onde o estudante residia está a ser investigado pelas autoridades competentes, não existindo informação que aponte para uma relação com actividades de praxe académica”. O Politécnico de Leiria garantia que assim que “existam informações concretas e fidedignas sobre este lamentável acontecimento” comunicaria pelos canais habituais.

“O estudante não participava na praxe”

Também o presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPL, Joel Rodrigues, afastava esta sexta-feira de manhã a hipótese de a morte do jovem ter acontecido em contexto de praxe académica. “O estudante em causa não participava na praxe”, garantia o dirigente, acrescentando que o acidente aconteceu numa casa arrendada, partilhada com outros alunos, pelo menos um dos quais era também “caloiro”, mas de uma outra licenciatura da instituição.

A vítima era estudante do primeiro ano do curso de Solicitadoria e, segundo o dirigente estudantil, teria embatido contra uma janela do apartamento onde vivia e os vidros ter-lhe-iam causado a lesão fatal. As diligências policiais viriam a confirmar mais tarde esta versão.

Os professores do primeiro ano do curso de Solicitadoria decidiram não dar aulas nesta sexta-feira. Em vez disso, as horas lectivas foram usadas para confortar os estudantes que estavam “muito consternados” com a situação, segundo o presidente da associação de estudantes, que passou a madrugada com os colegas da vítima.

Com Samuel Silva

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