Assédio, chantagem, insultos: Mulheres do cinema no Irão denunciam violência sistemática

As mulheres que trabalham na indústria estão expostas a violência sexual e violação, dizem actrizes, cineastas e outras profissionais numa petição inédita no país ultraconservador.

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Taraneh Alidoosti, uma das mais importantes actrizes iranianas e aqui no vencedor do Óscar de Filme Internacional "O Vendedor", de Ashgar Farhadi, é uma das signatárias da petição DR

Centenas de mulheres que trabalham na indústria cinematográfica no Irão, incluindo actrizes famosas, assinaram uma petição a denunciar a violência “sistemática” contra elas, uma iniciativa inédita neste país ultraconservador.

Actrizes, cineastas e profissionais do cinema publicaram uma petição na imprensa “condenando toda a violência e assédio sexual no local de trabalho”.

A petição, que foi distribuída pela agência estatal IRNA, foi assinada por alguns dos nomes mais proeminentes da indústria cinematográfica iraniana e denunciou “actos sistemáticos de violência” e “desigualdade de género no cinema iraniano”.

“Para pôr fim a isto, exigimos que os autores de tais actos sejam punidos pela justiça”, reclamam as peticionárias.

As mulheres que trabalham na indústria cinematográfica estão expostas a insultos, chantagem em relação aos seus empregos, mas também assédio, violência sexual e até mesmo violação, de acordo com o texto. “Qualquer pessoa com poder ou fama na indústria iraniana do cinema explora a sua posição para intimidar, ameaçar, insultar, humilhar e agredir as mulheres”, acrescenta.

Hoje, o secretário do Alto Conselho Iraniano para os Direitos Humanos, Kazem Gharibabadi, afirmou que “as mulheres devem ser apoiadas e protegidas no campo da arte, especialmente do cinema, porque estão mais expostas a abusos”, segundo a agência noticiosa ISNA.

Os filmes iranianos são regularmente seleccionados para os festivais internacionais mais importantes e ganham frequentemente prémios prestigiados.

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