Marcio Kogan, Diana Radomysler e Suzana Glogowski sobre arquitectura brasileira e portuguesa

O podcast No País dos Arquitectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO.

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Casa C+C (Studio MK27) Fernando Guerra
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Casa da Bahia (Studio MK27) Nelson Kon
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Casa da Bahia (Studio MK27) Nelson Kon
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Mesa Portuguesa com Certeza (Studio MK27 e +55design) Peu Campos
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Mesa Portuguesa com Certeza (Studio MK27 e +55design) Peu Campos
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Casa C+C (Studio MK27) Fernando Guerra
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Casa C+C (Studio MK27) Fernando Guerra
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Casa C+C (Studio MK27) Fernando Guerra
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L'And Vineyards Hotel Fernando Guerra
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L'And Vineyards Hotel Fernando Guerra

O podcast No País dos Arquitectos está de regresso com uma terceira temporada. No 33.º episódio do podcast, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com Marcio Kogan, Diana Radomysler e Suzana Glogowski, do Studio MK27, sobre a relação entre a arquitectura brasileira e a arquitectura portuguesa.

Contrariamente a Portugal, o Brasil tem um clima predominantemente tropical, por isso a sua arquitectura propicia a fluidez dos espaços, não só por meio da permeabilidade entre o interior e o exterior, mas também pela forma como o passado colonial português deixou marcas no território. Conhecido pelo seu perfeccionismo e fascinado pela sétima arte, Marcio Kogan trouxe para o Studio MK27 o trabalho colectivo e a “cultura de fazer tudo”.

Nesse contexto, a equipa pensa a arquitectura como um todo: “Sempre que nós projectamos, fazemo-lo a pensar no uso. Se nós pensarmos no uso, pensamos nos interiores dessa casca. E se só pensarmos na casca acaba-se por projectar uma escultura e não um lugar para viver, um lugar para estar, um lugar para usar. Para nós tanto essa integração entre o interior e o exterior – que por causa do clima é uma coisa muito natural –, como o interior estão absolutamente ligados com o acto de projectar”, explica Diana Radomysler, directora do departamento de Design e Interiores do Studio MK27.

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Como todos os projectos são de natureza integradora, muitas vezes não se sabe onde termina o interior e começa a arquitectura exterior. Na verdade, ambos coexistem como se fossem um só: “Como temos os dois escritórios, que na verdade é um só aqui dentro, mesmo durante o processo de projectar ambos funcionam de forma totalmente cruzada (...). Trabalham o tempo todo em conjunto, trocando informações. E muitas decisões de arquitectura são tomadas a partir do que a equipa de interiores nos coloca”, refere Suzana Glogowski, uma das directoras do Studio MK27.

Em dado momento da entrevista, a conversa é direccionada para o L’And Vineyards Hotel, situado em Montemor-o-Novo, no Alentejo. Nesse projecto, a arquitectura é do atelier Promontório e os interiores foram executados pelo Studio MK27.

Mas regressemos a essa ligação transatlântica para melhor compreendermos o passado colonial, que mantém marcas profundas com o Brasil contemporâneo. Essas marcas foram deixadas há mais de 500 anos e são visíveis na arquitectura através dos tradicionais muxarabi, que chegaram ao Brasil por intermédio dos colonizadores portugueses de origem árabe. Tradicionalmente, trata-se de uma estrutura de madeira e a sua utilização é propícia em regiões quentes, pois permite a entrada de luz e a circulação de ar, possibilitando que quem esteja dentro possa ver o exterior sem ser visto. Pensa-se que o muxarabi terá também começado a ser usado pelos muçulmanos para dar privacidade à mulher islâmica, que assim ficava resguardada por detrás da estrutura.

O Studio MK27 continua a utilizar de forma contemporânea estes mesmos elementos arquitectónicos e exemplo disso são os projectos da Casa C+C e a Casa da Bahia. Nesta última, as aberturas têm grandes painéis de madeira, o que lhe confere, ao mesmo tempo, leveza e aconchego. Há quem pense que uma casa com muxarabi é uma casa sem janelas, mas Suzana Glogowski faz questão de desmistificar essa ideia, dizendo: “Não é que não tenha janelas, a casa é a janela”.

O Studio MK27 foca-se nos conceitos do modernismo brasileiro e muitos dos seus projectos vão beber inspiração a arquitectos como Affonso Eduardo Reidy, Vilanova Artigas, Rino Levi, Lúcio Costa, Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi, que segundo Marcio Kogan “foi a arquitecta mulher mais importante da história”. A revolução cultural que aconteceu nesse período marcou para sempre a história não só da arquitectura, mas também da música, do cinema, da pintura, da literatura e de tantas outras expressões artísticas.

Fazendo uma retrospectiva sobre esse passado, Suzana Glogowski acredita que o modo de vida e o contexto histórico de cada povo podem também influenciar a forma de fazer arquitectura e há aprendizagens que se revelam enriquecedoras através do intercâmbio de saberes: “Eu acho que seria maravilhoso poder estudar a arquitectura brasileira porque somos um país muito forte em arquitectura. Somos um país periférico tanto fisicamente, como economicamente e simbolicamente. Tudo o que aconteceu aqui desde o modernismo até hoje é um pouco surpreendente. Existem algumas gerações muito boas e é uma arquitectura que merece ser estudada. Agora se a pergunta é: o que é que os portugueses podem aprender com a arquitectura brasileira, em si? Eu não sei... penso que os brasileiros são um pouco mais esperançosos. Aparentemente, levam a vida de uma forma mais leve. E talvez isso se reflicta na arquitectura na hora de projectar”.

Uma das coisas que os portugueses gostam mais é de comer, falar sobre comida e melhor ainda são as conversas à volta da mesa. O Studio MK27 está consciente da importância que essas experiências assumem na vida dos portugueses e, em conjunto com o atelier +55design, desenvolveram uma “Mesa Portuguesa, Com Certeza”. O tampo é composto por azulejos pintados à mão, feitos por um artesão da empresa portuguesa Viúva Lamego, com desenhos de caravelas que fazem uma menção histórica entre o Brasil e Portugal.

Perante esta multiculturalidade que projecta o olhar para o passado, o presente e o futuro, o arquitecto Marcio Kogan acrescenta: “O nosso trabalho tem sempre dois pontos: o ponto colonial e o ponto do modernismo brasileiro, que é algo incrível e muito poderoso. Nós somos filhos disso. Não conseguimos deixar de olhar para isso”.


No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.

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