Inflação na Alemanha atinge máximo de quatro décadas

O índice de preços no consumidor da Alemanha deverá ter aumentado 7,3% em Março, a taxa mais elevada desde 1981.

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Olaf Scholz, chanceler da Alemanha EPA/JOHN MACDOUGALL / POOL

A taxa de inflação na Alemanha deverá ter ultrapassado os 7% em Março deste ano, atingindo o nível mais elevado em quatro décadas. A previsão é do instituto de estatística alemão, que justifica este movimento com a guerra na Ucrânia.

Segundo os dados provisórios do Destatis, publicados nesta quarta-feira, o índice de preços no consumidor da Alemanha deverá ter aumentado 7,3% em Março, face ao mesmo mês do ano passado, e 2,5% em relação a Fevereiro deste ano. A confirmarem-se estes valores, esta será a taxa de inflação mais alta desde o Outono de 1981, “quando os preços do petróleo aumentaram drasticamente, como consequência da guerra do Golfo”, aponta o instituto de estatística.

A justificar o movimento agora registado, acrescenta, está a invasão da Ucrânia pela Rússia, que tem motivado o aumento dos preços do gás natural e do petróleo, dois produtos que influenciam fortemente a evolução dos preços. A isto acrescem os constrangimentos nas cadeias de fornecimento que têm sido sentidos desde o início da pandemia e que também contribuíram para o agravamento dos preços dos produtos energéticos.

Os dados finais relativos à inflação na Alemanha em Março só serão divulgados a 12 de Abril. De qualquer forma, estes valores estão em linha com os que já têm sido divulgados por outros países. Nesta quarta-feira, o instituto nacional estatístico de Espanha revelou que a inflação neste país atingiu, em Março, uma taxa de 9,8%, o valor mais elevado desde Maio de 1985. O mesmo é sentido a nível global. Em Fevereiro, a taxa de inflação do conjunto da zona euro voltou a bater um recorde, fixando-se em 5,8%, depois dos 5,1% que já tinham sido registados em Janeiro.

Por cá, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga os dados da inflação relativos a Março nesta quinta-feira. Em Fevereiro, o índice de preços no consumidor aumentou 4,2% e tudo aponta para que este ritmo de crescimento se mantenha ao longo do ano, sobretudo tendo em conta um cenário prolongado de guerra, que, nas previsões do Banco de Portugal (BdP), poderá levar a taxa de inflação para um valor médio de 4% no conjunto deste ano.

Perante este cenário, os juros das dívidas soberanas da zona euro têm vindo a agravar-se, um movimento que se acentuou nesta quarta-feira. É o caso da dívida alemã a dez anos, que serve de referência para a Europa e cujos juros estão em 0,655%, um máximo de mais de quatro anos. O mesmo acontece com os juros da dívida espanhola a dez anos, que ultrapassam 1,5%, bem como com a dívida soberana portuguesa para o mesmo prazo, cujos juros estão acima de 1,4%, os níveis mais elevados desde 2018.

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