Portugal faz o pleno nos Mundiais do século XXI

Selecção nacional junta-se a grupo restrito de equipas que obtiveram a qualificação seis vezes consecutivas. Fernando Santos será o primeiro seleccionador nacional a repetir um Campeonato do Mundo.

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Danilo ganha um lance aéreo no jogo com a Macedónia do Norte EPA/HUGO DELGADO

Foram necessários 36 anos para Portugal se estrear num Campeonato do Mundo de futebol, depois houve um hiato de duas décadas até à presença seguinte, e o intervalo diminuiu para 16 anos até a selecção assentar arraiais, em definitivo, na fase final do mais relevante torneio planetário da modalidade. Com a qualificação para o Qatar 2022 assegurada, a equipa portuguesa faz o pleno no presente século, uma raridade mesmo entre os clientes regulares da competição.

Não começou da melhor forma a participação portuguesa nos Mundiais dos anos 2000. Na prova organizada em conjunto por Coreia do Sul e Japão, averbou duas derrotas e uma vitória num grupo aparentemente acessível (Polónia, Coreia do Sul e EUA) e ficou fora de jogo logo na primeira fase. Era António Oliveira o seleccionador, num período que antecedeu a chegada do brasileiro Luiz Felipe Scolari.

Depois do banho de auto-estima que foi o Euro 2004, com a primeira presença numa final de uma grande competição, Portugal entrou no Mundial de 2006, na Alemanha, com o moral em alta e com Cristiano Ronaldo em plena ascensão. Terminou num meritório quarto lugar (melhor mesmo só o terceiro posto em Inglaterra, mas num torneio com menos participantes), caindo aos pés da França nas meias-finais (1-0) - e falhando, depois, o acesso ao pódio num embate com os anfitriões (3-1).

Duas quedas nos “oitavos”

Quatro anos volvidos, foi com Carlos Queiroz ao leme que Portugal se apresentou na África do Sul. Passou a fase de grupos em segundo lugar, atrás do Brasil, para ser afastado nos oitavos-de-final pela Espanha, com um golo solitário de David Villa. Os espanhóis, de resto, viriam a conquistar o título, dando corpo a um dos mais brilhantes períodos da sua história futebolística.

As duas selecções ibéricas voltariam a encontrar-se nas meias-finais do Euro 2012, já com Paulo Bento aos comandos, novamente com a Espanha a sair por cima, mas no Mundial do Brasil, em 2014, a queda foi bem mais estrepitosa. Uma goleada na estreia (4-0 da Alemanha), um empate com os EUA (2-2) e uma vitória magra sobre o Gana (2-1) foram insuficientes para chegar à fase das eliminatórias.

Paulo Bento não haveria de durar muito mais tempo no cargo, abrindo portas ao capítulo Fernando Santos. E foi já com o actual seleccionador em funções que a selecção nacional conquistou o primeiro título da sua história (o Euro 2016) e competiu no Mundial da Rússia, em 2018. Com dois empates (Espanha e Irão) e uma vitória (Marrocos), Portugal qualificou-se no Grupo B, mas, uma vez mais, não foi além dos “oitavos”. Culpa do Uruguai e de Edinson Cavani, autor de dois golos no triunfo sul-americano por 2-1.

Numa lógica de continuidade sem precedentes a este nível, no contexto nacional, Fernando Santos prepara-se agora para o segundo Campeonato do Mundo consecutivo - e o quarto grande torneio (entre Europeus e Mundiais) seguido à frente da selecção de Portugal. Nesse sentido, acrescentou mais uma página de história ao currículo, preparando-se para uma competição, também ela, histórica, ou não fosse este o primeiro Mundial a disputar-se nos meses de Novembro e Dezembro.

Será, de resto, a sexta presença consecutiva de Portugal entre a elite de futebol, um feito ao alcance de poucos neste século. Conseguiram-no o Japão e a Coreia do Sul, fazendo jus ao favoritismo de que têm gozado no quadro da qualificação asiática, e os gigantes Argentina e Brasil, na América, sendo que o México também pode lá chegar, ainda - defronta na quarta-feira El Salvador. Entre as equipas da UEFA, porém, só outras três podem gabar-se desta façanha: a Inglaterra, a Alemanha e a Espanha, que chegam ao Qatar na qualidade de vencedoras dos grupos.

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